Uma solução para um problema... Parte 2


Para quem chegou na surpresa e precisa saber do que se trata, clique aqui.

Entre cenas e contextos...

Ao se descobrirem os personagens conversam rapidamente. 

"Quem é você?" é a pergunta que gera o diálogo. O outro humano pergunta e ela pode responder o seu nome mas nem seu nome foi definido no início do jogo. O que responder? Passa-se então a próxima resposta, pois a pergunta já se sabe...

"De onde veio?" Essa pergunta é tão importante quanto qualquer outra porém com um nível de profundidade pequeno. A resposta poderia ser "Vim de um prédio que perdeu a energia e acordei. Me levantei, comecei a andar, peguei essa mochila num dos corredores e saí. Só segui a luz que estava forte... No lado de fora encontrei essa faca e continuei a andar."

Ao sugerir uma resposta, o roteiro poderia se tornar uma conversa para levar ao próximo problema mas não, ele cria uma situação inesperada pois a resposta foram outras perguntas.

"Onde estamos?" A mulher não sabe onde está e fez a pergunta que tem mais lógica no contexto do susto do que na realidade.

"Que tempo é este?" Por não saber que ficou em coma durante 20 anos, existe o desconhecimento de que um determinado período passou o que gera a pergunta. 

De volta ao diálogo com o aluno...

No meio das ideias de cenários e eventos sugeri que a personagem seguisse os outros pois não tinha o que fazer ou o que escolher. Mesmo que tivesse alguma escolha para explorar o terreno era melhor ficar perto de outros humanos do que desbravar o desconhecido. O jogo ainda não tinha cara de ser algo diferente de um plataforma 2D mesmo que tenha indicações de Open World. Gênero popular devido a liberdade inerente existente.

O grupo de humanos se intitula sobreviventes e precisam batalhar contra as forças do governo, os animais alterados por radiação, e bandos de bandidos espalhados pela cidade para seguir vivos naquele caos. Radiação é um elemento novo que será explorado em contextos.

O contexto geral de 20 anos atrás era de um período de relativa calmaria mas a diplomacia falhou em muitos casos, o que levou o mundo a um novo conflito global. Diversas tentativas de terminar o conflito foram realizadas porém todas fracassaram. Enquanto os problemas pioravam os governos iam caindo e as guerras se proliferando. A última alternativa era a bomba atômica mas nunca haviam cogitado usar por já conhecerem seu impacto e problemas posteriormente porém, um grupo terrorista usou uma e dizimou uma determinada região. Desse evento disparou a vontade dos países em usar as suas bombas e fez com que muitos países dispararem suas ogivas para resolver seus problemas. O resultado foi a redução de 6 bilhões de pessoas no mundo para pouco menos de 800 mil.  O contexto presente é exatamente 15 anos depois das explosões atômicas, onde os governos e povos tentam se reestabelecer mas convivem com as consequências desses conflitos. O mundo mudou e muito. 

Na fase seguinte, a personagem continua a seguir os sobreviventes e no meio do caminho novos bichos aparecem. Se juntam em bando e atacam todos de uma só vez. Mesmo com dificuldades o grupo abateu os animais e um novo e mais forte apareceu. A personagem principal, que é o jogador, encontra um lança granadas. No meio daquele espaço? Não faz sentido algum.

OBS: Certas lógicas não precisam ser respondidas (nenhum FPS tem lógica quando se encontra caixas de munição variada por um caminho onde não se passou). Para alguns detalhes do roteiro usaremos o mesmo princípio para manter a tensão e dar continuidade a cena do jogo.

Ao encontrar o lança granadas a personagem o usa para salvar o grupo e literalmente destrói o novo atacante e parte do cenário. Mesmo com o estrondo, o grupo sai vivo e encontra um veículo, felizmente, com combustível. No meio daquele caos? Não faz sentido então...

Neste momento cria-se um impasse. A personagem reconhece o espaço, era sua cidade, mas anos no futuro. Está diferente, mas nem tanto. Ela agora sabe para onde ir e quer voltar para sua casa mas está levemente ferida e precisa de médicos. O grupo precisa pegar suprimentos e levar para o esconderijo. Eles sabem onde pode ter esses suprimentos. O que fazer? Ajudar ou seguir para algum hospital ou voltar para casa? Todos os locais estão acessíveis de carro mas em lados opostos do mesmo mapa/espaço.

No quesito jogo há três escolhas: tentar chegar em casa, seguir até ao hospital ou acompanhar o grupo e ajudar enquanto puder. Se o jogador tentar ir sozinho, pode morrer mas se decide acompanhar os outros pode descobrir mais sobre a situação do mundo. A personagem decide ajudar o grupo para depois ir ao hospital.

O trato seria: ela ajuda a levar os suprimentos mas pede que a levem ao hospital depois de cumprir a missão. Com a barganha definida abre-se a nova fase. Ir para o local de carro (o que abre uma fase de veículos) ou ir a pé, o que obriga o jogador a enfrentar novos inimigos. Qual caminho escolher? Qual caminho é o mais seguro?

O inimigo aparece

Ao chegar no destino, o local dos suprimentos, encontra-se outros humanos dessa vez controlando o local. Entra-se em um diálogo e descobre quem é o líder desse novo grupo. Mesmo sendo um grupo pequeno, estão equipados e bem armados. Também são sobreviventes porém não se intitulam assim. Preferem outro nome e não o fala. Ao tentar barganhar o 'chefe' não aceita negociações e tenta sequestrar o grupo. Cria-se um impasse.

A personagem principal, que não havia aparecido no diálogo, entra em cena e invade o local. Ao perceber que pode ser morto o chefe liberta os sobreviventes porém não entrega os suprimentos. O jogador força a barra e consegue um meio termo, metade do grupo e os suprimentos mas não sabe onde fica o esconderijo. O que fazer? Pegar os suprimentos e voltar com metade do grupo ou salvar o grupo e não ter comida?

Com a solução do impasse, o grupo volta ao esconderijo e cumpri-se uma grande missão. Achar um local seguro. Os sobreviventes decidem então levar a personagem ao hospital mas dessa vez de carro e com velocidade. Ao chegar lá descobrem que não há água potável pois os rios foram contaminados desde as explosões atômicas e o governo nunca o corrigiu. O hospital está cheio de pessoas com problemas e o principal, só tem 3 médicos, exaustos e doentes.

Conclusão

O roteiro do jogo define as ações e os momentos chaves da aventura, revelando a história do mesmo em doses homeopáticas. Ao definir essas passagens o jogo está praticamente pronto, faltando apenas ajustes técnicos em sua continuidade. Por ser um projeto mobile, é preciso mostrar ao menos 2 fases funcionando e um chefe. Fluxo de telas e mecânicas e uma tela de fim. É isto que precisa ser apresentado no final do semestre. Espero que o projeto saia agora.

Bom e esta experiência de sala de aula foi uma das surpresas desse semestre.

Até o próximo texto.
Ass.: Thiago Sardenberg

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