Uma nova mídia surge: o que veremos dela?
Apesar de fazer parte da grande gama de livros sobre mídia e comunicação, o que a obra “A nova mídia: A comunicação de massa na era da informação” nos mostra é como aprofundar com dados estatísticos e detalhamento técnico o emaranhado de opções tecnológicas criadas pelo homem para realizar a sua comunicação nos mais diferentes idiomas e regiões do globo.
Ao se tornar um bicho informado, a sua própria comunidade também é reconstruída a partir das suas facetas informativas. TV, Rádio, Redes de Emissoras, Cinema, Cabo, Satélite, Jornais, Revistas, Tabloids e Web Sites. Independente do meio usado para se comunicar com diferentes pessoas, a mídia encontrou diferentes caminhos para alcançar seus públicos. E mesmo que este tenha mudado de tamanho e forma, uma coisa ela não deixou ser: importante. Podendo ser para um fator alienante, ou não, a mídia faz parte da história da humanidade e sem ela? Bem não estaríamos onde chegamos.
O livro dedica tempo e recortes sobre a evolução da mídia dos Estados Unidos. Alguns poucos comentários são ditos sobre outros territórios e Gutemberg é brevemente citado, só para construir um capítulo inteiro sobre editoras de revistas, jornais e livros, onde a segmentação era imperativa.
Mesmo com o advento de outros caminhos, Cinema, Radio, TV e Telefone, a legislação do então início do século XX acompanhou, em parte, o que os grandes conglomerados de comunicação queriam ou impediam de ocorrer. A legislação que na década de 1930 era uma, que favorecia as redes de radio e impedia as empresas de telefonia fornecerem informações, na década de 1990, uma nova lei foi criada para expandir a concorrência das fornecedoras de informação do território americano.
O livro passa pela criação e expansão das redes de TV a Cabo e por satélite. Passa pelas redes de notícias como CNN e suas concorrentes. Dedica espaço aos oligopólios das megas corporações de mídia que foram criadas no final dos anos 1980 e mostra como a administração japonesa não sobreviveu ao caótico mercado americano de mídia com sua estratégia verticalizada de centralizar, num único ente, produção e distribuição de mídias quando tentou emplacar a venda dos equipamentos responsáveis pela produção audiovisual naquela fatídica época. O caos era bom? Talvez.
A construção dos monopólios midiáticos do século XX só foi possível graças a diferentes preceitos de organizações empresariais de muito poder, tanto político quanto financeira, que tentaram evitar mudanças na legislação vigente ou impuseram suas reivindicações como fator relevante na construção e aprovação de uma nova carta legislativa. Independente do sucesso de alguns e fracasso de outros, foi graças a esse lobie que a mídia dos EUA conseguiu ditar o seu próprio rumo.
O livro também dedica espaço ao entretenimento como um dos recortes que a mídia tem naturalmente. Mostra, brevemente, a importância da MTV e da HBO como grandes canais de diversão sintonizados com as novas gerações de consumidores da mídia. Como as grandes redes de TV conseguiram emplacar diferentes programas, durante anos seguidos, estipulando e colocando na mente dos espectadores o que elas achavam melhor para eles, até os anos 1970 o monopólio era tragável, entretanto, os grandes produtores não esperavam que o consumo de entretenimento pelas gerações mais novas, no pós baby boom dos anos 1960, essa situação criaria uma sensação tão avessa ao jornalismo tradicional que muitas emissoras ou acabaram compradas ou foram eliminados da concorrência por não saberem se comunicar com outros públicos.
Dessa situação tão atípica do padrão conhecido dos anos 1960 e 1970, que nos anos 1980 o inevitável ocorreu. Diferentes fusões e compras foram realizadas. Canalizando esforços e recursos financeiras para a concentração de cada vez mais canais e redes de emissoras por poucos e já dominantes grupos de mídia. Dessa, até então, inesperada situação, foi o suficiente para o congresso redefinir as regras da legislação acarretando na lei de 1996 quando esta foi aprovada favorecendo a livre concorrência dos diferentes meios de comunicação entre si. “Sejam o que o mercado quiser.”
Enfim, o final do livro explora a era pré redes sociais, que começariam nos anos de 2004. O autor faz uma breve explanação do que poderia ser o futuro da mídia com o uso da internet pelo público geral, como a interatividade dos CDs seriam uma nova forma de construir e vender informações, diferentes meios de comunicação, mais individualizados seriam usados mais vezes pela população e o caminho natural dessa época era concentrar esforços na expansão da internet, chegando onde estamos hoje.
Apesar de lento e moroso, algumas passagens de época são interessantes e o melhor dos pontos é a conclusão: antever as redes sociais, com alguns detalhes que hoje são normais, foi uma inesperada surpresa.
O autor erra em focar extensas explicações repetitivas, pelos diferentes capítulos, de situações que o país passou e como resolveram tais problemas, mas acabaram por criar outros. Fora situações adversas não definidas pelo trabalho.
Fazer um breve apanhado da força que Hollywood tem na construção e veiculação de entretenimento e como o cinema é algo importante também não foi o suficiente para evitar a melhor das criticas desse trabalho “a maioria dos filmes de hollywood não dão lucro”. Perfeito, pontual, ou satírico, não vem ao caso mas fica como menção.
Não recomendo a leitura pela defasagem do livro mas para historiadores contemporâneos da atual mídia e redes sociais, é uma leitura cheia de conteúdo histórico. Infelizmente nada muito especial ou importante além disso.
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