Uma rápida viagem a um passado recente da ilustração
O livro ABC do Rendering é um apanhado de técnicas manuais e digitais de ilustração que demonstram como a evolução, tanto das técnicas quanto dos softwares e computadores, mudaram bastante nos últimos 20 anos. O Photoshop, que fora lançado em 1987, não era um programa tão robusto como está hoje, em 2023. Apesar de novato era promissor. Além de terem melhorado a tecnologia, novas ferramentas vieram e os equipamentos expandiram bastante. O que para poucos era muito, para muitos era infinitamente distante.
Apesar do livro ser de 2003, e ter 3 versões diferentes, para propósitos diferentes, as etapas de produção dos desenhos também foram quase totalmente digitalizadas. Entretanto os recursos usados neste trabalho ou se tornaram caros e restritos (fora a importação de muitos deles) ou se tornaram itens de luxo (para quem não tem intenção de trabalhar com ilustração profissional) MAS ajudam a entender o que mais me chamou a atenção: o processo de produção das ilustrações, por isso esse texto de revisão de obra do passado.
Obviamente acessar um programa livre e aberto com uma mesa de digitalizadora, ou tablet portátil moderno, já será o suficiente para alcançar alguns resultados propostos mas lembro que sem esforço, pouca dedicação, falta de persistência e o não treino irão refletir no retorno desejado. Estes detalhes não podem falar mesmo com pouco tempo disponível. Ao menos crie o hábito de desenhar umas 2 horinhas por dia, já vai ajudar.
Enfim, tinta guache, tinta acrílica, caneta esferográfica, caneta marcador, caneta colorida, caneta ponta fina, caneta ponta grossa, lápis, borracha, cryon, lápis pastel, diferentes papéis, sulfite, couché, jornal, mesa retroiluminada, papel manteiga, papel semi transparente, acetado… Tudo isso ainda existe e está disponível em diferentes lojas tipo papelaria mas juntos? Custam caro. Talvez até mais caro que um PC mediano e uma Wacom com Photoshop. Para compensar use Krita ou Gimp.
O Livros, além de indicar os materiais necessários, também indica as técnicas, formas e caminhos do trabalho a ser executado. O processo é até simples: desenho limpo, direto, da forma que deseja (para desenvolver sua visão de arte e trabalhar o traço recomendo o livro da Betty Edwards, Desenhando com o Lado Direito do cérebro, também em PDF na rede, só procurar), depois camadas de sombras base, mediana e intensa, após isso a aplicação de pequenas áreas coloridas e ao final, um combinado de linhas brancas que indicam onde há incidência de brilhos. Algumas das áreas do desenho podem ser coloridas e recortadas em função de camadas que os programas têm. A lasso tool, ou ferramenta lasso, ou outro recorte semelhante, ajuda a alocar os recortes no devido lugar e tamanho (rotação, translação e escala ajudam aqui).
Como os autores usaram um antigo Photoshop da época, e que já mudou bastante, o processo é facilmente perceptível e adaptado. Para quem gosta de usar só os programas, recomendo o GIMP ou o KRITA preferencialmente pois foi feito para desenhos. O processo é replicável no digital mesmo que se perca algumas características dos materiais analógicos como textura e pressão do lápis no papel. Por um lado é bom, menor sujeira e rapidez mas o trabalho analógico ainda chama muito a atenção das pessoas.
O trabalho digital, presa pelo prazo, e a entrega rápida de diferentes versões e isso pode ser trabalhoso. Não que seja perda de tempo, para o desenho nada é perda de tempo. Perda de tempo é não desenhar. Para contornar o problema da velocidade ou ideias maravilhosas que surgem e fogem, fica a dica de usar sempre um caderno simples de papel liso e lápis comum. Para reduzir cursos com os programas use os abertos. Além de estarem em evolução, também tem comunidades bem ativas.
O mercado, na prática, quer apenas o trabalho entregue no prazo pelo menor preço possível, logo o melhor é saber escolher qual ferramenta usar e saber desenhar.
Vale a leitura não pelo conteúdo já sim ultrapassado, mas pelo processo rápida e técnicas combinadas que levam o desenhista aos resultados.
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