O poder da mudança
Desafios e Conquistas no uso dos Softwares Livres
Trabalhar com softwares livres é, por um lado, um desafio constante para arrumar soluções e, por outro, uma conquista individual pois era habituado a usar só programas proprietários (popularmente conhecidos como pagos). E por ter essa característica dupla é interessante ressaltar conquistas e desafios.
Contexto
Para quem acredita no marketing descabido das grandes empresas, que repetem constantemente que elas têm “as melhores soluções tecnológicas para resolver seus problemas”, é bom ressaltar que a melhor solução tecnológica ainda não foi criada pois esta seria capaz de substituir o ser humano em todas as suas atividades e como isso ainda não ocorreu… ainda existem séculos de evolução da informática e a inevitável degradação da vida humana como consequência direta (um pouco de fatalismo é necessário pra chamar a sua atenção) para chegar a tal solução.
Conquistas:
As conquistas realizadas até aqui foram algumas um tanto inesperadas e para destaque separei algumas:
- A descoberta de novos programas para executar trabalhos simples em programas mais leves. rápidos e práticos foi bom.
- O desenvolvimento de novas maneiras de usar as soluções existentes e melhorar, além de mudar, a forma de pensar e executar os trabalhos que realizo diariamente, também foi algo positivo.
- Verificar, descobrir, acessar e conversar com as comunidades brasileiras, e estrangeiras, desses programas. Tem muita gente boa nelas e me ajudaram bastante com informações e dicas preciosas.
- Pesquisar muitas ferramentas, que nem sabia que existiam, e descobrir listas de programas que fazem as mesmas coisas porém esbarrando em soluções abertas (livres) ou fechadas (pagas).
- Usar programas que nunca imaginei usar, e nem sabia que existiam, para chegar aos resultados, onde imaginava só ser alcançáveis via recursos pagos e exclusivos de poucas empresas.
- Escrever alguns artigos científicos para revistas e congressos de educação sobre o uso e ensino delas. Novos textos estão a caminho pelos próximos meses e semestres.
Dentro dessas conquistas teve uma em especial que foi a maior delas: as comunidades.
Sem a galera que faz dessas comunidades locais vivos e ativos, cheios de informações e dúvidas, sem pestanejar, estaria batendo a cabeça, na maioria dos problemas que vivenciei e já tinham soluções.
Desafios:
No quesito desafios, existiram algumas barreiras que precisaram ser passadas e dentro da lista de “coisas” que ocorreram, nem todas foram resolvidas ainda.
Contextos:
Os programas estão evoluindo e com eles novas funções e detalhes são acrescentados constantemente, mostrando aos fiéis usuários sua construção progressiva. Infelizmente, todos eles, precisam passar por uma repaginação visual em diversos pontos, desde a interface até seus sites e manuais de suporte. Apesar desse comentário ser questionável existem um detalhe: o ser humano, por natureza, não gosta de mudanças, mas mudanças podem significar melhorias.
Até que estas se tornem no novo padrão ou em soluções agradáveis para não incomodar seu público, vão gerar desagrado aos usuários, o que nos leva as resistências e as zonas de conforto que desenvolvemos naturalmente.
- As soluções estão incompletas porém seus desenvolvedores também estão em constante trabalho pra levar aos usuários o que é possível implementar a cada nova versão. Desenvolver “coisas” é trabalhoso, um software para múltiplos sistemas operacionais, línguas e computadores tão diferentes, mais ainda.
- Equipes enxutas e que trabalham em outros projetos para se manterem. Mesmo abertas e livres, as ferramentas gratuitas precisam se manter e para isso precisam ser sustentáveis. Poucos são os grupos que tem devs exclusivos o tempo todo e remunerados para isso. Existem? Sim, existem, mas são poucos. A maioria precisa de uma grande empresa que os sustente de forma constante. Por isso a comunidade precisa estar de olhos nesses processos, para usar e verificar o que está funcionando ou não e o que pode melhorar.
- Fontes de financiamento e investimento são enxutas. Poder não fazer uma doação na hora de conseguir os programas é uma forma de distribuição e quando se agrega um valor a esta aquisição se torna venda, logo, um comércio. E no caso de doações, geralmente em dólares, fica complicado para os amigos Brazucas. Outras pessoas, oriundas de países com falta de recursos financeiros e trabalhos com menor remuneração, um problema profundo. Ter uma fonte certa e invariável de retorno é fundamental para a manutenção desses projetos. Se esses canais se tornam um dificultador a mais para quem precisa do financiamento e dispõem apenas de seu tempo “livre” para desenvolver as ferramentas um enorme entrave. A comunidade não vê com bons olhos a venda direta desses projetos mas se continuarem disponíveis da forma com são, melhor ainda, mas… Nem sempre é o que acontece.
- Mesmo valorizando as comunidades, tem gente nelas que acha que tudo deve ser 0800, grátis, free, e não precisam desembolsar nenhum valor para as ter disponíveis. O que nos leva ao “De graça até injeção na testa mas isso é muita fuleiragem...” (GamePlayCassy). E indo nessa linha de pensamento, tem muita gente que poderia ajudar de outras formas e não conseguem pois não evitam a zona de conforto da reclamação constante e a inércia da não mudança.
Conclusão:
Enfim, os desafios listados acima foram muito mais para o lado do comportamento humano do que somente dos acertos e erros dos programas. É possível fazer muito mais mas é preciso mudar. Se não mudarmos é preciso indicar onde o fator psicológico mudança individual pode ocorrer. Se isto levar as comunidades a algo mais sustentável pode ajudar. Mudar não é fácil, não importa qual seja a direção.
Mas se não o fizermos, ficar na mesmice é viver de histórias que se repetem o tempo todo, a cada esquina, e o ser humano, está em constante movimento pra tudo, seja pra ir ao banheiro, visitar amigos ou parentes, e até mesmo beber um copo d’água, ele se move. Ao mover-se, mude a si mesmo, para que novas descobertas ocorram e a evolução te transforme em algo inesperado e melhor do que era ontem.
Ass.: Thiago C. Sardenberg
Até o próximo.
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