Design de produto – Guia prático para o design de novos produtos - Mike Baxter

As capas das versões brasileiras do mesmo livro, em diferentes edições, o conteúdo 95% igual. A versão brasileira tem 2 edições. A 1ª de 1998 e posteriormente o livro foi reeditado e relançado em 2011 enquanto a versão original é de 1995.

Este livro de projetos de design foi escrito pelo pesquisador e designer britânico Mike Baxter, com o objetivo de auxiliar e ordenar o pensamento de fabricação existente nos designer e como esses profissionais precisam se adaptar e trabalhar para que suas ideias, em novos projetos, possam chegar ao mercado consumidor e gerar o retorno financeiro que a fabricante deseja.

Na prática todo novo produto ou é uma resposta de uma demanda social reprimida e não contemplada por alguma empresa ou a fiel realização de um projeto com fatores oportunistas para alguns. Devido à ‘alguma coisa’ que não deu certo ou não cumpriram com as expectativas dos consumidores por outros, novos produtos sempre carregam visões e oportunidade em muitos de seus estágios de desenvolvimento principalmente nos estágios iniciais de ideação.

Em outras palavras é uma atividade de risco extremo onde existe uma extensa observação do que está disponível, identifica os defeitos que outros produtos no mercado carregam sozinhos e a constatação da possibilidade - ou não - de fabricar novos itens de consumo com base nos que deram errado.

É um fator de ganho de mercado para algumas fabricantes ou comodismo e estagnação para outras empresas. Independente de onde elas estejam estas precisam estar atentas para o que existe do lado de fora de seus terrenos de segurança e das paredes de suas fábricas. O caminho é longo e pode demorar poucos meses ou até três ou cinco anos de preparo do projeto, da projetação e a produção desses bens. 

O autor escreve sua obra baseado nos processos criativos e construtivos de qualquer novo produto que precisa ou pode chegar ao mercado consumidor. Identifica o que são; como são; e onde se encontram as oportunidades para o desenvolvimento deles. Passa pela difícil tarefa de decidir, de forma racional, se deve fazer ou não o produto novo e como executar esses projetos. 



Quais são os responsáveis? Quais são as etapas? O que são metas? Restrições? Custos? Porque isso tudo? São muitos termos técnicos da administração e da engenharia de produção que a faculdade de design passa longe porém são importantes para a execução de qualquer projeto de produto.

Ao apresentar as ferramentas que auxiliam a filtrar e ordenar os pensamentos dos designers - mais de 30 ferramentas e processos estão distribuídas pelos 9 capítulos – o livro passa pela concepção de estilo, percepção dos produtos, a Gestalt dos objetos, a simplificação dos objetos, e apresenta um capítulo específico do que é e como funciona a criatividade durante o processo de criar produtos. O sucesso comercial e o retorno financeiro serão os objetivos de cada projeto mas como fazer é o real desafio.

Durante os projetos a criatividade irá ocorrer em diferentes momentos e quanto mais natural e espontânea ela for, melhor ela será. Entretanto, controlar estes espasmos, ou lampejos criativos, sem um local para anotar estas ideias, toda aquela reação do “eureca” pode sumir da mesma forma que apareceu, veio do nada e voltou pra lá. 

As ferramentas e processos apresentados durante as etapas criativas – o que ocorre bem antes das construtivas – funcionam como filtros do que não é necessário e podem servir. Joga-se tudo o que for possível para fora dos pensamentos, quanto mais, melhor, e dessas maluquices sofrem avaliações criticas para se retirar o que realmente faz sentido e/ou tenha valor projetivo.

Durante as tapas iniciais do processo projetivo, os custos de produção e adequação dos novos produtos, serão reduzidos e de pouco impacto financeiro nas empresas. Após isso todas as etapas posteriores acarretarão em custos maiores caso alterações precisem ser feitas. Devido a isso é evidenciado pelo autor a possibilidade de se cancelar tudo o que for feito para evitar problemas.

O autor também dedica um tempo explicando o que são as empresas inovadoras. Por existirem diversos mercados consumidores, de custos variados, em processos longos e caros ou rápidos e baratos, cada empresa existente precisa se adequar ao seu publico consumidor. Para se manterem saudáveis e na vanguarda, inovação é crucial mas também é um fator de risco elevado para muitas delas. Antes de arriscar algo novo, as empresas sempre se preservam pois é natural do ser humano se manter na defensiva e nas posições de conforto e comodismo.


Inovação é uma palavra que exige ação das pessoas que desejam trabalhar nessa área de projetos. Quem não quiser inovação, mude de setor de atuação, porque novos produtos serão sempre cercados de incertezas e riscos.

Ao definir as oportunidades de trabalho para a ideação e realização dos novos projetos, os riscos pertinentes devem ser calculados e deles pode-se pensar em quanto cobrar, quanto o produto gerará de lucro, e o quanto o público consumidor está disposto a pagar pelos novos.

Todo produto novo passa pelas demandas, desejos e satisfações das pessoas que não viram, nos itens existentes, suas necessidades plenamente realizadas. Caso tenham visto, elas (pessoas) não irão comprar os novos, pois os disponíveis já realizam tal façanha.

Após identificar a oportunidade, especifica-la e verificar se as vontades dos consumidores estão sendo plenamente satisfeitas a projetação pode continuar. Para fazer os novos produtos serem um sucesso comercial, alguns fatores devem ser ressaltados. 1° se serão muito ou pouco diferentes dos existentes; 2º se serão mais caros ou mais baratos que os concorrentes; 3º se serão apenas mais um onde as diferenças são poucas; 4º se o valor criado, nos compradores, compensa tal “investimento” por outros compradores.

Como a compra de qualquer item passa pelas necessidades imediatas dos consumidores, itens de alto valor podem ser ignorados durante muitos anos até haver demanda; itens de baixo valor podem ser ignorados pois são supérfluos ou descartáveis. Entre essas situações extremas, o consumo ocorre naturalmente ou por demanda/necessidade ou por oportunidade/possibilidade.

Comportamento do consumidor não é o tema, e nem pode ser, porém é um ponto esbarrado em muitos momentos. Ao identificar onde a oportunidade se encontra empregam-se ferramentas e métodos para se levantar e especificar os conceitos dos projetos. Saber quanto tempo de vida um produto tem – isto é desde sua ideação até o descarte final pós-consumo – a fabricante tem ideia de quando haverá demanda para o consumo de novos produtos. Classificá-los dentro de N categorias – por valor, custo, demanda, entre outras – os processos de detalhamento, especificação e fabricação poderão ser delimitados e revisados para melhorar o projeto final.


Ao se chegar na execução a maioria dos erros, equívocos e problemas identificados durante a ideação, conceituação e especificação deverão ter sido eliminados, caso contrário ou o produto será cancelado antes de chegar ao mercado deixando seus custos de projetação na empresa, ou encalha na loja devido a uma análise errada da oportunidade ou a fábrica poderá falir e o produto nunca chegar ao consumidor final.

Ou seja, um acúmulo de erros, mesmo mínimos, pode acarretar numa série de problemas para as variadas empresas neste processo. Os filtros de especificação das ideias e de como se deve executa-las durante a fabricação são de importância extrema ao projeto como um todo. Não é possível pensar em novos produtos comerciais sem conhecer minimamente os detalhes intangíveis e tangíveis da produção e da pesquisa do mercado. Riscos existem em cada etapa da projetação e custam muito caro.

Por ultimo, verifique como o protótipo do produto final irá se comportar nas mãos dos possíveis consumidores. Deixe-os usar até cansar. Variedade de usuários em diferentes testes de uso que verifiquem e falham nos principais quesitos dará uma ótima forma de melhorar e redefinir o que faz de um produto ser bom ou ruim, melhor ou pior, e de maior satisfação aos consumidores. São eles que irão comprar suas produções. Não os ignore.

Conclusão

Não existe mercado consumidor sem os produtos caros ou baratos, grandes ou pequenos. Não existe indústria sem mercado para consumir sua produção. Não existe industrialização sem haver lucro. Não existe distribuição sem os serviços das lojas e o comércio. Consumo existe em todos os níveis socioeconômicos de qualquer sociedade.

A produção industrial existe para satisfazer as variadas demandas individuais desde as menos evidentes e ainda invisíveis e também para as demandas já reconhecidas e mapeadas pelos departamentos de pesquisa e desenvolvimento. Mesmo sendo um setor de risco, não existe indústria sem existir o risco.

Até o próximo livro de design.
Ass.: Thiago C. Sardenberg

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