A relação entre Jogos, Design e o Mestrado – Parte 2

Semana passada publiquei o início desse texto para não cansar os leitores. O original estava enorme e preferi reduzi-lo a aumentar o numero de páginas corridas. Cliquei aqui para ler a anterior.


3 - As editoras nacionais, que publicam os jogos em português, existem e podem ser achadas na rede mas no evento Primavera Literária, tive a oportunidade de conversar com donos de editoras e perguntar coisas. Uma delas foi a possibilidade de publicar os livros de desenvolvimento de jogos analógicos, lá de fora, em nossa língua, para suprir pequena demanda e a resposta foi unanime “não há público”. Minha cara de espanto foi “Como assim?” e “O consumo está crescendo. Não é possível não existir público...”

A resposta continuou: o ponto é a produção! Custa caro e já temos editoras que fazem isso. Aí veio o pensamento “e o livro jogo de RPG do desenho Hora de Aventura? Mostrou haver convergência de público em diferentes nichos...” A falta de informação pode ser um entrave.

De volta, se não existe público porque o mercado consome mais jogos analógicos? Não houve resposta entretanto houve um outro indicativo “tenha o pé no chão”. Fazer o lançamento de algo que o editor ou alguém quer, pelo fato de gostar e achar interessante, é muito subjetivo. “Lançamento de livros custa caro e um de produção de jogos analógicos, pode ser interessante porém vai atingir qual público?” e nisso é crucial uma boa pesquisa.

A outra indicação foi uma recomendação. Um dos editores falou “vá aos eventos internacionais e procure ouvir quem está lá, o que estão fazendo, para depois trazer ao Brasil” e então existe um caminho, mesmo caro (passaporte, passagens, hospedagem, alimentação, evento) ele é trilhável...



4 - Esses são os indicativos de uma abertura de mercado e dessa possibilidade eis que houve uma editora que trabalhou nele. A Rio Books tem no site algumas publicações que podem ser interessante para quem tem interesse de ler e aprender sobre (fora os livros de games já publicados). O motivo dessa postagem foi essa lista de livros e como um simples evento de livros pode fazer diferença.

A surpresa foi maior ao conseguir dicas que faltavam: como fazer um lançamento? Primeiro veja como enviar os originais para as editoras. Segundo veja quais editoras tem lançamentos na área de interesse. Terceiro procure as publicações já realizadas, tanto localmente quanto internacionalmente, e leia-as. Arrume uma forma de conseguir essas obras para chegar onde você quer!

5 - Lista de livros - Linha Ludo
Comecei o texto com a definição do termo para facilitar o entendimento desta informação. A parte dos livros foi retirada das resenhas oficiais e sites.

 

Jogador de Mil Fases: Como os jogos marcam e transformam os jogadores. Construído seguindo os passos da jornada do Herói, essa coletânea de textos mostra como os jogos foram percebidos por cada um dos autores, enquanto experiências pessoais e reflexivas dotadas de significados. Compreenda os jogos por outra ótica e aventure-se nessa leitura. - Esgotado


O que os jogos de entretenimento têm que os educativos não têm. Determina a diversão e o entretenimento como prioridades de projeto de um jogo com finalidade pedagógica parecia incoerente. Esta decisão nasceu da percepção de que jogos de entretenimento funcionam bem em ambientes de ensino e aprendizagem. Deste desafio, nasceu um jogo com fim pedagógico – A Dama da Música – que se mostrou mais efetivo que jogos com esse fim. Isso confirmou a percepção inicial e reforçou uma hipótese a respeito dela, motivando o trabalho apresentado. Apoiando-se na ótica estruturalista da Gestalt, e de Jean Piaget, iniciou-se uma investigação sobre casos onde a aplicação de jogos de entretenimento para fins pedagógicos produziu resultados acima da média dos produzidos pelos educativos. Guiada pela pergunta que dá nome ao livro, a pesquisa desenvolveu-se por meio do estudo de jogos educativos no mercado. Realizou-se uma análise do projeto A Dama da Música com a finalidade de compreender o método projetual realizado. - Em estoque em variadas livrarias.


A condição eletrolúdica: Cultura visual nos jogos eletrônicos. Do conceito de jogo, passando pela história dos jogos, o autor sugere uma categorização para os diferentes tipos. Uma análise dos componentes da experiência de jogo, como recompensa, convencimento, sedução, instrução etc. O autor também relaciona diversos problemas recorrentes, como dublagens e traduções mal resolvidas, uso indevido de câmeras, cinemáticas entre outros. Uma proposta de entendimento da linguagem visual e sua sintaxe fornecendo material para os amantes dos game, do design e ludólogos. - Em estoque em variadas livrarias.


Desvendando o Role Playing Game: História, definição e prática. O cenário: meia dúzia de jovens em torno da mesa com livros, papéis e dados. Vozes de todos os tipos e horas concentrados. Eles estão jogando RPG. Afinal, o que é RPG? O que ele tem de especial? Todas estas perguntas são respondidas pelo neste livro pioneiro. O estudo tem uma proposta clara: explicar o que é esse jogo, como surgiu e como ele mobiliza diversas esferas de conhecimento, deixando pessoas menos tímidas, mais interessadas na leitura, melhor vocabulário, maior cultura geral e mais interessados em aprender coisas novas. - Esgotado


Jogos Eletrônicos: 50 anos de interação e diversão. O livro traz uma visão sobre jogos eletrônicos, abordando temas para quem procura conhecer e aprender sobre os diferentes tipos de dispositivos eletrônicos ao longo da história, com informações sobre videogames, computadores, fliperamas e portáteis que fazem desta atividade um dos ícones d o maior mercado de entretenimento do planeta. Serve como referência para programadores, desenvolvedores e criadores de jogos. Além de ser um registro histórico, trata de aspectos para o game design, abordando temas como características, representações de jogos, motivações dos usuários e sua taxonomia. Uma interessante jornada o aguarda. – Em estoque em algumas livrarias.

Dos cinco livros listados, mais da metade tem disponível ou pela livraria Saraiva, ou pelo Submarino.  Apenas 1 não foi achado em nenhum local. Não se esqueçam de procurar no Estante Virtual que em alguns locais tem esse conteúdo. Todo tempo é válido para encontra-los pela rede.

Conclusão:
Existe público e não atoa que existem livros feito por brasileiros, porém, ainda existe um enorme espaço a ocupar porque o público, além de vasto, pulverizado, de variadas idades, de conhecimentos específicos, pode “criar coisas” a qualquer momento, só precisa de estímulo. Vale o risco de se apostar nessas publicações? Talvez não em uma editora independente ou recém inaugurada que ainda está buscando seu espaço no mercado editorial do Brasil mas é uma possibilidade de trabalho para uma mediana com algum tempo e conhecimento de mercado. Para as grandes editoras talvez demore alguns anos até que saia algum material (bom ou não) mas depende muito da vontade delas publicarem o trabalho e se arriscar num ramo muito específico que ainda é incipiente no nosso país.


Para quem não é da área pedagógica pode não saber que existem forums sobre o desenvolvimento de jogos e trabalhos de estudos sobre as atividades lúdicas. Fica a dica.

Até o próximo livro.
Ass.: Thiago C. Sardenberg

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