O que a Mídia e o Poder podem fazer para criar o Contrapoder?

Mídia, Poder e Contrapoder.

Um trabalho de autoria tripla onde seus autores se debruçam sobre a influência que a Mídia tem na sociedade.


O que são as mídias? E como elas se comportam? São as perguntas que norteiam as noções de informação que é repassada para a população. Numa democracia plena, onde os 3 poderes convivem harmonicamente, não impede que conflitos políticos e ideológicos ocorram. E para que a democracia seja plena, esses conflitos precisam ocorrer pois as defesas de ideias do legislativo e a aplicação prática de determinadas legislações pelo executivo, precisam ser compatíveis com o modelo de governo e a constituição vigente naquele país. A função dos 3 poderes, ou seja, do Legislativo (aquele que cria as leis), do Executivo (aquele que executa o orçamento) e do Judiciário (aquele que verifica se determinadas leis são ou não são compatíveis com a constituição vigente) é buscar o consenso e o equilíbrio de vontades que os representantes populares e os governantes, devem se debruçar para garantir. Porém, quando Legislativo e Executivo, são “atrapalhados” pelos poderes do Capital, externo às esferas de poder, diferentes princípios escusos poderão ser usados para que determinadas vontades se tornem realidade dentro daquele país. A função da mídia, a princípio, é justamente auxiliar a população a entender o que se passa no seio dos 3 poderes e possa opinar o que está certo e errado. Até esse ponto, não havia o que hoje é definido como opinião pública, algo construído depois que as Mídias, conhecidas como Jornais e Livros, viraram itens de consumo e desejo. Coube então a Mídia, a imposição do controle de pensamentos, que a população pode ou não ter, em relação aos 3 poderes. Se a Mídia, e seus conglomerados controladores, não gostam dos governantes, atuam para os desmoralizar. Se os governantes atuam a favor das Mídias, a opinião pública se torna favorável as ações dos 3 poderes. Enfim. O que deveria ser, na prática, 3 poderes, se torna 4, pois existe, agora, as Mídias, e por fim, indo além do que é construído e acessível pela população, ainda existe, o 5º poder, que é a vontade do povo, colocada pelo voto, nos representantes eleitos do Legislativo e Executivo mas desvios desses representantes podem acontecer o que na prática, leva a redução do poder popular em relação ao que o Capital pode fazer. Dentro desse escopo amplo de realidade administrativa e realidade midiática, o livro Mídia, Poder e Contrapoder se debruça no entendimento de como essas relações de força atuam na construção dos consensos populares. Como a influência do Capital domina as esferas de poder dos países, e como os veículos de comunicação, são responsáveis pela construção da Opinião Pública é o ponto chave do trabalho. A Mídia, construiu por si só, um poder de influência enorme, alterando sua tendência, de acordo com as vontades de seus controladores, e quando estes controladores fazem parte do sistema financeiro, o que a Mídia faz é apoiar o que o Capital acha importante, ignorando sua principal função: informar a população. Como os veículos de comunicação e os produtos originários da produção de informação se tornaram produtos consumíveis, outro ponto da prática do Capital é transformar a informação pura em valor de mercado, pois a partir de um determinado preço a população pode acessar as informações, assentando no longo prazo o que é definido como “credibilidade”. Se um determinado veículo perde sua credibilidade, perde seu poder de influência e se esse fator não está em jogo, os interesses financeiros devem prevalecer, o que faz a Mídia perder ou ganhar, mas a população, por ser afoita a mudanças drásticas de rumo ou trajeto, prefere se acomodar, ficando estagnada na zona de conforto, garantindo assim a soberania das maiores Mídia e conglomerados de comunicação sua hegemonia alterando assim a relação entre informação de valor e valor das informações se sobrepondo aos reais assuntos sociais que deveriam imperar nos meios de comunicação. Além desse escopo amplo e tendencioso, também pontuo que aquilo que não for tendencioso ou é falácia de redator alienado ou é devaneio de autores perturbados. Qualquer que seja a maneira de apresentar as informações, estas estarão sempre dentro de uma tendência, ou mercadológica de sobrevivência dos meios de comunicação ou de crítica do que está errado para o diretor dessa e daquela redação. Enquanto o Capital permitir criticar certos comportamentos e aspectos da sociedade em relação ao que ele pode construir na opinião pública, está valendo, só não pode criticar os anunciantes, pois isso é um pecado capital dos detentores financeiros. Além disso tudo, a obra ainda apresenta uma série de recortes sobre como a Mídia foi reconstruída a partir das redes sociais, onde o poder de opinar e destrinchar assuntos específicos ganhou espaço e relevância. Quando a possibilidade de escrever para veículos alternativos, diversos e/ou independentes e se pôde criar e manter um canal, blog ou website particular com a opinião de seu escritor mantenedor, é um novo poder de influenciar e informar a população sobre os assuntos espinhosos que a Mídia tradicional não faria. Dessa forma, abrem-se espaços, quebram-se fronteiras sobre o ponto de referência sobre os assuntos, quando opiniões dispersas e incorretas acabam por encher as redes independentes de comunicação são usadas como formadores de opiniões pois as informações falsas e equivocadas são repassadas sem as devidas verificações de outras fontes credíveis de informação. Muito além das redes e da Mídia tradicional, sobra espaço para destrinchar os veículos independentes que sofrem na manutenção de seus acervos jornalísticos de alta qualidade e opiniões, muitas vezes, díspares entre o que é veiculado nos grandes meios e o que é lançado por editoras tradicionais nos livros acadêmicos e de análises específicas. A Mídia independente é referenciada como importante pois esta precisa existir para construir os sensos opostos aos impostos pela Mídia tradicional. Novas opiniões e visões de mundo, análises políticas, de mercado e de consumo, são divulgadas por esses novos veículos sob diversos aspectos, para deixar a população consciente do seu poder de escolha, não para desfazer ou refazer escolhas, mas para saber que existem outros pontos de vista. Com isso, diferentes agências de informação, veículos e novas Mídias, são apresentadas para que os leitores possam pesquisar e se debruçar em novas perspectivas de mundo. Apesar de ter um vocabulário um tanto complexo em frases de difícil compreensão num primeiro momento, a obra molda um olhar crítico ao momento atual onde o financeiro se impõe com mais força nos veículos do o valor que a informação pura pode dar a população. Vale a leitura. 

OBS: semanas antes de escrever esse texto, e de terminar de ler o livro, tive um devaneio interessante. Como fazer para a banca de concursos públicos ler o texto inteiro dos candidatos? Escreva como José Saramago. Ele é conhecido por seus textos longos e sem pausas, em parágrafos longos e contínuos, que dificulta a leitura porém se tornou uma marca e estilo do autor. Esse texto, mesmo com suas vírgulas e pontuação, tenta seguir esse estilo de escrita. Um único parágrafo com as ideias definidas. Se chegou até aqui, obrigado.

Ass.: Thiago C. Sardenberg
Pesquisador e Estudioso das Mídias, Mestre em Educação.

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