Como voar num cavalo - A história secreta da Criatividade
How to Fly a Horse ou qualquer que seja o nome do livro, e mesmo com suas diferenças de significado evidente, a parte curiosa é: criar é muito mais do que o poder mental de um gênio ou poder individual para pensar, desenhar, configurar e construir mudanças com o seu fazer (labor).
O autor, Kevin Asthon, pesquisa por dentro da história humana, os movimentos – coletivos e individuais – que levaram inventores a solucionar os mais estranhos problemas, sejam eles de origem científica, sejam eles culturais, sejam eles físicos, sejam eles de produção de alimentos. A necessidade moveu a humanidade para o ponto onde ela se encontra e aqueles que perceberam essas necessidades foram muitas vezes, ou ignorados pela crítica da época ou alvejados criticamente pela cultura do momento que viviam. Em suas épocas esses inventores e seus inventos foram respostas inesperadas e improváveis devido a visões e reflexões profundas e complexas que mostraram novas maneiras de abordar os problemas de então. Visões essas que ocorrerem mesmo quando não existissem tantos motivos ou estudos aprofundados para tal e, culturalmente, a sociedade não estava preparada para os confrontos que essas soluções levariam suas comunidades. Para criar é preciso se mover e o ser humano tende a ser preguiçoso pois é mais cômodo “se agarrar” em tradições e explicações já consagradas. Criatividade é uma resposta ao comodismo cultural.
O livro é regado de historietas das construções humanas e conta diversas historinhas da humanidade onde a mescla dos caminhos e processo das invenções realizadas pelas mais diferentes pessoas é intercalada com as evidentes, e locais, necessidades biológicas ou fisiológicas. As invenções fazem parte da sociedade e a fez evoluir. Criar soluções para algo que não as agrada é uma das respostas aos seus incômodos, sejam esses incômodos suas limitações físicas ou intelectuais. A capacidade humana de pensar e construir soluções é sua maior característica, pois perpassa culturas, sociedades, regionalidades e limitações tanto construtivas quanto de conhecimentos disponíveis. Chegar na solução prática dos dilemas é o problema e quando se chega a solução sua constatação é, geralmente, um combinado de eureca com espanto. O que é, então, a criatividade?
Tradicionalmente conhecida como problemas, as motivações humanas movem tanto o seu mundo como suas sociedades. Transpor os problemas é o motor da inventividade e exemplos não faltam. A criatividade é um dos fatores da inventividade humana.
O livro não conceitua, infelizmente, o que é criatividade mas o autor deixa claro que todas as pessoas são criativas por diferentes fatores, em impensáveis momentos, em incontáveis movimentos. Criar é construir. Construir é fazer. Se homem faz, ele criar. Sua necessidade move a criação. Mesmo que a invenção proposta seja uma simples resposta cumulativa de informações e conhecimentos espalhados, fragmentado, nenhum ser humano cria algo sozinho. Ele precisa desse tempo de maturação e acúmulo para construir.
O conhecimento acumulado durante séculos e séculos de experimentação e erros levam a soluções. Muitas delas falhas. Para se construir o caminho de se criar novas e melhores alternativas o erro faz parte da invenção. Aquelas soluções que já nasceram como melhores podem ser retrabalhadas para crescer nos seus melhoramentos e gerar enfim a “melhor” solução de então até se pensar e construir algo melhor, mais rápido, mais barato, mais eficiente, mais relevante econômica e culturalmente.
O gênio não existe, o que existe é estudo, ajustes e testes. Muitos testes.
Um livrinho de cabeceira que é um apanhado histórico das invenções humanas sem uma cronologia evidente. Não é cientificamente relevante mesmo que tenha diversas passagens da ciência e de suas variantes. Vale como leitura de férias onde a viagem pela história das invenções mostra uma visão divertida do caminho que a humanidade trilhou até então.
Comentários
Postar um comentário