Metodologias ativas o que são?

Saber que existem é um detalhe, como funcionam e quais são os seus nomes é outro problema. Antes de entender quais e quantas existem, é preferível verificar o que são.


As metodologias ativas são um conjunto de métodos de ensino e aprendizagem que prioriza a autonomia dos sujeitos educandos a estudar antecipadamente os conteúdos das aula. Suas formas de trabalho são diversas, com diferentes mecânicas de interação e da avaliação do alunado. Ressalto que, se não todas, a maioria já era usada antes da adoção dos computadores e dispositivos móveis em sala. Mesmo com o aumento de acesso a estes recursos digitais, o trabalho com os equipamentos ditos ‘modernos’ transpassa a realidade das escolas. Algumas delas adotando, antecipadamente (como fator de diferenciação ou de vanguarda) estes recursos como materiais didáticos corriqueiros enquanto outras escolas ficavam apenas com os quadros negros para giz e a atuação docente como fatores relevantes. O que faz levantar algumas questões: quem tem maior autonomia na sala de aula? Quem precisa desenvolver o senso de autonomia? Quem ensina e quem aprende?

A ideia por trás das metodologias ativas é atiçar o alunado a buscar por informações. Estimular seus modos de pensar em soluções vindas de diferentes frentes é um dos resultados. O trabalho com metodologias ativas preza pela liberdade de escolhas, tanto do alunado que as aceita ou não esses métodos de trabalho quanto aos professores que as adota ou não. Independente do medo de usar um novo recurso ou método de ensino aprendizagem, no final das experiências todos os participantes, docentes e discentes, aprendem alguma coisa, de alguma forma, o que torna as experiências, em algum nível, bem positivas.

Desde as consultas a múltiplas fontes de informação disponíveis como: blogues, plataformas de vídeo, redes sociais, sites; até livros, revistas, jornais, e outros materiais, que juntos vão muito além do que os livros didáticos se propõe a fazer, o foco destes métodos é centrado no interesse dos alunos. O quão elevado é este interesse e o quanto é retroalimentado, pela nova forma de se construir os saberes, depende mais do alunado do que dos professores. Aplicar os métodos é o segredo. Maior ou menor o sucesso deles é o resultado. Inevitavelmente, toda metodologia levará a algum lugar. Reaplicar e melhorar as fórmulas das MA é o benefício extra.

O que o livro preza?


Dentro das metodologias ativas, é preciso estipular o tipo de atividades que o docente irá executar com a turma, qual a forma que ela irá ocorrer, o que é preciso para que aconteça de forma satisfatória e quais são as obrigações dos alunos antes, durante e depois das atividades. Isso se define como o contrato pedagógico da disciplina. Os atores, da sala de aula, precisam saber o que vão fazer para dessa maneira executar o ‘contrato’.

Mesmo que estejam em moda, a maioria das técnicas e procedimentos (re)definidos como Metodologias Ativas (MA) surgiram, com mais ênfase, na metade do século XX e vem até os anos 2000, entretanto, desde o período da Escola Nova (John Dewey e outros), já se falava em mudança das ‘mecânicas’ usadas em salas de aula, para aumentar o interesse dos alunos no aprender dos conteúdos programáticos que os programas de educação prezam, desde antes da 2ª Guerra.

O livro então segue um princípio básico. Identificar, explicar e exemplificar como funcionam algumas das MA disponíveis. Nem todas que existem estão definidas no trabalho, mas a maioria já foi usada com outra roupagem, e nome, pelos docentes. Identificar como eram nomeadas, para fazer as referências, é uma reflexão posterior.

As que chamaram mais a atenção foram 2 delas: “Inversão da sala de aula” e “gameficação”. A Inversão da sala de aula preza pelo estudo antecipado do alunado. Disponibiliza vídeos antecipadamente, para os discentes assistirem, fazerem anotações e mostrarem suas dúvidas em sala, deixando tempo aos professores ou para aplicar uma revisão com ressalva às dúvidas dos alunos ou para realizar uma atividade direta de um exemplo que o vídeo não tem.

A outra MA que desperta mais a atenção é a da Gameficação. Como docente, criar, aplicar e sugerir atividades interativas aos alunos é algo rotineiro, mas transformar uma aula ou disciplina inteira em um jogo diário de conteúdos, atividades, avaliação e respostas é algo mais complicado. A ideia, por trás dessa MA, vem da palavra play que significa jogue. Jogue o que? Exatamente isso. Jogue! Transformar em jogo as aulas é uma atividade lúdica. Lúdico é um termo que significa “aprender” ou “entreter” e jogar é uma atividade de entretenimento mas se tiver algo a ensinar? Pode ser uma solução.

Também é recomendado que os planos de aula dos docentes tenham definido quais e quantas MA irão ou poderão usar naquela situação. Nem todos os professores querem mudar sua forma de trabalhar a zona de conforto pode atrapalhar porém nem todos os alunos querem mudanças nas salas de aula, o que os faz sair de sua zona de conforto.

O complexo é fazer entender que estas atividades são para melhorar a relação entre os próprios alunos e seus professores, pois de ambos os lados criam-se experiências que levam a novos aprendizados e novos caminhos para construir seus conhecimentos. Cabe a estes atores estarem abertos a estas experimentações pois do contrário, basta a sala de aula ter o mesmo formato há mais de 300 anos e isso já sabemos que vai ser complicado de ser alterado.

Onde se encontra o livro? Neste link, vá na opção visualizar/abrir para carregar o arquivo no navegador e depois pode baixar. Uma curta leitura de fim de semana onde o trabalho que a UFLA nos deixa de forma pública, e aberta, um material tão relevante para a atuação docente, é muito gratificante.

Recomendo também ler outro livro: Metodologias Inov-Ativas na Educação Presencial, a Distância e Corporativa. Saraiva Educacao (2018). Este tem uma outra forma de apresentar as metodologias e caminha por uma classificação, digamos, mais palatável. Este livro vai ter sua escrita em breve.

Até o próximo.
Ass.: Thiago Sardenber

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