God of War 2 - O romance do jogo

Chega nessa época do ano, perto das provas de mestrado, quando o conteúdo dessas provas precisa ser revisto, reescrito, memorizado e os textos em inglês traduzidos da melhor forma possível vem aquela preguiça e uma canseira que o candidato fica um zumbi literalmente. Para aliviar essa tensão toda ou segue-se jogando (o que é bom) ou segue-se lendo romances (de preferência) e neste caso, fiz as duas coisas. Porém, devido a fatores geográficos não poderei fazer a prova de mestrado então, seguem-se outras leituras e outras jogatinas...

O jogo god of war é um produto audiovisual que virou um transmidia, onde uma ideia original consegue atingir novas mídias: quadrinhos, TV, internet, jogos, filmes, livros e por aí vai, e dessa oportunidade de jogar e ler a mesma obra foi um tanto cansativo. Mesmo tendo curtido e terminado o jogo meses antes de ler o livro o fator que mais me surpreendeu foi a fidelidade com que o romance descreve e conta as situações que o jogador irá passar durante o jogo.

 


Quesito romance...

Para quem gosta de ler é uma aventura interessante. Conta a trajetória do personagem Kratos, herói do jogo, em busca de vingança contra Zeus, o Rei dos Deuses do Olimpo. A história se passa na Grécia antiga, mesmo período do jogo/livro anterior, e mostra como Esparta e seus guerreiros conseguiram expandir seu território com a ajuda de Kratos enquanto Deus da Guerra (fator este que dá nome a obra). Porém, as aventuras sanguinolentas dos espartanos trouxe a ira dos Deuses à Terra pois Kratos queria dominar tudo (da mesma forma que Ares queria fazer o mesmo anteriormente e causou sofrimento a Kratos durante alguns anos). 

Com essa expansão de território, bem presente nos relatos históricos de povos mais antigos e bastante comum no entorno do mar Mediterrâneo - Grécia tem sua costa inteira no Mediterrâneo - Esparta causou uma reviravolta no Olimpo obrigando Zeus a interferir nesse processo de expansão. Com essa interferência, Kratos se viu obrigado a interferir e Zeus interferiu no caminho de Kratos fazendo-o perder seus poderes divinos, voltando a ser um mortal, e logo após isso Zeus mata Kratos.

Até este ponto o livro/jogo segue por uma narrativa comum contando como ocorreu a interferência de um ser grande sobre outro ser grande (Deuses) e no entanto, os Titãs, seres mitológicos que deram origem aos deuses do Olimpo, se mostram aliados interessantes a Kratos mas que precisavam interferir no destino do Guerreiro Espartano de forma definitiva e sem que os Deuses percebessem suas ações. Dessa forma, Kratos, em vez de ser morto por Zeus, foi salvo por Gaia, a titã mãe da terra.

É contado, pelas histórias da mitologia grega, que os deuses do Olimpo surgiram da união entre Gaia, a Mãe Terra, com Ouranos, o Deus  do Céu, e dessa união, tanto outros titãs quanto os deuses surgiram. Como os Olimpianos (seres, deuses e divindades que habitam o monte Olimpo), se mostraram mais fortes que os titãs, os mesmos se rebelaram contra "seus pais" e isto causou uma Guerra. Ao saírem vitoriosos os Deuses isolaram os titãs em cantos isolados do mundo e do submundo. Esta guerra é conhecida como Titanomaquia. 

Após tantos séculos, Gaia, ao ver os esforços de Kratos em realizar sua vingança contra Zeus, evita que o Espartano fosse morto em batalha por Zeus (logo no inicio da narrativa) e o indica a uma missão para chegar numa região do mundo conhecida como Ilha do Destino, onde se encontram as três Irmãs do Destino. Elas são as responsáveis por controlar a vida e o caminho de todos os seres inclusive os deuses do Olimpo e os titãs. Kratos só conseguirá se vingar de Zeus quando o mesmo encontrar as Irmãs em uma audiência para mudar seu passado. Porém este caminho não é só uma tarefa quase impossível, não existe tarefa impossível para o espartano, quanto perigosa e longa.

Durante esta trajetória Kratos reencontra inimigos e oponentes de suas aventuras se tornando o novo Deus da Guerra - ao destronar Ares, o antigo deus da guerra e deixar este trono vazio, o próprio Olimpo o coloca no local e é neste ponto que a aventura anterior termina - e junto deles consegue novas habilidades, poderes dos titãs e armas para usar.

A narrativa se dedica as pontos principais do jogo. Descrição de cenários e cenas, movimentos e ações realizadas (porém aparece como narração de movimentos e ações do herói junto aos desafios) e os desafios e que aparecem. 

Kratos, ao sair de Hodes, início do jogo, é levado a outras regiões. Encontra por essas regiões vários titãs (Gaia, Atlas, Cronos, Oceanus, Prometheus, Perses entre outros) e ao alcançar suas 'prisões' causa certo alvoroço . Sua presença perto dos titãs e na trajetória de sua história deixa-os irados de raiva por sua ousadia em querer matar Zeus e o que recebe de volta foi uma total apatia dos titãs por sua causa. Ao convencê-los, um por um, para que os mesmos tenham alguma compaixão por ele e sua causa, Kratos recupera e libera itens mágicos antigos que o ajuda em jornada. Ao libertar os titãs de suas prisões, os mesmos os ajuda com novos poderes mágicos que se tornam bem úteis pelo caminho.

Outros detalhes do livro...

A narrativa é contínua e a cada conjunto de capítulos ou é relatado uma importante revelação entre os deuses e suas preocupações com a situação causada por Kratos e sua jornada ou é revelado o trabalho minucioso das Irmãs do Destino e suas intrigas. Praticamente todos desafios que Kratos passa ou são obstáculos de uma região montados para não deixar que 'mortais' passem por eles ou é uma das Irmãs do Destino tentando impedir Kratos de prosseguir na sua jornada e que no final, o desafio é superado e o inimigo poderoso morto.

Ao chegar na Ilha do Destino Kratos ainda tem muitos obstáculos para superar e quebra-cabeças para resolver antes de encontrar as 3 Irmãs. Guiado por Gaia, a mesma revela como os titãs perderam a Titanomaquia e o motivo de Kratos receber ajuda é justamente a vingança dos titãs contra o Olimpo. Kratos não estava mais sozinho no seu caminho mas os titãs ou estavam fracos nas suas prisões, ou foram isolados de qualquer contato após o tempo da Titanomaquia. Kratos precisaria resolver boa parte dos problemas bem sozinho.

Momentos críticos do romance...

Ao final, obviamente, Kratos enfrenta diversos oponentes que buscam vingança contra ele ou querem voltar a vida pois foram convocados pelas Irmãs do Destino para impedi-lo. Enfim, vencendo todos Kratos chega ao palácio do Destino, descobre que outras pessoas estavam por lá e precisaria causar um certo sacrifício até alcançar as Irmãs. Ao faz fale-lo percebe que não terá a tal audiência e as mesmas partem para o ataque após todos os esforços se mostrarem inúteis. Mesmo sendo mais poderosas, elas acreditaram que poderiam vencer e no entanto Kratos as vence em batalhas bem difíceis.

Mudar seu destino era a intenção porém não só vence o impossível como consegue o controle do tempo ao vencer todas as irmãs. Ao chegar em uma sala com um espelho enorme vê seu passado e volta a enfrentar Zeus. Ambos se mostram poderosos e resistentes porém Kratos tem a experiência de combate. Faz uma reviravolta no confronto com Zeus e ao tentar mata-lo Athena interfere no confronto, é morta pelo espartano e Zeus foge, fraco, de volta ao Olimpo.

Nervoso de raiva Gaia interfere nos pensamentos de Kratos informando-o que o tempo agora o pertence e dessa forma ele volta ao Palácio do Destino. Ao sair do palácio em vez de seguir ao Olimpo, Kratos vai ao passado, faz o contato com titãs daquele tempo e os salva de seu trágico final na guerra da Titanomaquia. Ao traze-los ao presente começa a sua derradeira busca por vingança contra Zeus no próprio Monte Olimpo.


Curiosidades...

Os diálogos presentes no jogo, são os mesmos narrados no livro.
O final de ambos os produtos (livro e jogo) é contado da mesma forma.
Todos os itens presentes no jogo, para o jogador, aparecem de alguma forma no livro.
A evolução do personagem, com os orbs durante o jogo, não aparece pois é elemento extra.
Os titãs são enormes, tanto no jogo quanto no livro.
Os Deuses são egocêntricos e brigam entre eles o tempo todo e no jogo isso não é tão explorado.
Athena é uma traíra de Kratos e isso é muito importante.
Zeus é o Olimpo, se destruir Zeus o Olimpo acaba? Isso não é evidente.

Conclusão...

O jogo é bom mesmo curto. O livro demora mais tempo pra terminar, mesmo se dedicando o tempo todo. Tem capítulos que são 2 páginas outros tem 30. Num total de 382 páginas, a história foi dividida em 50 capítulos. Parece muito mas não é tanto.

Leia o livro caso queira lembrar do jogo. Vale o tempo investido. Vocabulário é leve e o ritmo é bom. Um romance juvenil pra adulto que mostra como um jogo pode ter sua história atrelada a uma jornada de vingança bem evidente que prende tanto o jogador quanto o leitor.

Até o próximo livro (romance ou técnico, tanto faz).

Ass.: Thiago Sardenberg

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