Começando na Unity 5x

Para quem, como eu, trabalha com a produção de arte para jogos digitais não saber usar uma ferramenta básica da produção é o cúmulo. Foi quando houve a oportunidade de vir, a trabalho, a Goiânia, e durante esses meses de trabalho houve tempo de sobra para aprender a ferramenta e melhorar meus conhecimentos técnicos da área (além de precisar, semanalmente fazer minhas aulas). Atrasado ou não, com nova ou antiga versão do programa, precisei passar por um treinamento intenso nela. Esse texto é sobre esse inicio de treinamento.


Como me encontrar? Achando um processo...

Ao encontrar um pacote com mais 30 livros sobre o programa, desde os mais básicos até os mais completos e complexos, tive a sensação de estar mais perdido do que me encontrando (coisas que as buscas por livros e editais de mestrado já havia me torturado mentalmente no passado). Ao me fornecer a oportunidade de estudar essa coisa - a ferramenta Unity 3D - me encontrar nessa fartura de informações foi um trabalhão.

Esse trabalhão todo me fez lembar da frase de uma conhecida "achar trabalho está dando trabalho" e eu respondi "piada prolixa essa, não?"

Até achar o que eu precisava, fiquei um bom tempo lendo os resumos, vendo as capas dos livros encontrados no pacote e assistindo vídeos pela internet pra ver se facilitava o meu processo. Isso me fez lembrar de um detalhe... As 10.000 (dez mil) horas. Sim, existe um numero cabalístico sobre treinamentos e isso se refere ao tempo de uso intenso das ferramentas até chegar ao nível pleno de conhecimento das mesmas. Demora bastante. Só para constar, 10K Horas dividido por 48 horas (6 dias por semana, 8 horas por dia) equivale a 208,33 semanas ao final desse tempo. Cada ano tem 52 semanas. Isso equivale a pouco mais de 4 anos de treinamento direto e todos os dias da semana. Infame. Não tenho tempo pra isso. Preciso ser mais rápido e certeiro do que esse número insano.

Como cada livro demora um determinado tempo de leitura e o retorno é relativo a quantidade de aproveitamento que cada leitor terá ao final, falar que o livro me fornece 4 horas de treinamento não é lá muito bom por isso refiz o cálculo... O 1º dos livros diz que terei pouco mais de 4 horas de retorno mas joguei esse tempo para 10 horas, uma inflada de 150% a mais para ser coerente ao nível de inglês que tenho. Separei um tempo por dia para ao menos ler um capítulo, o  que não é muito nem estressante, e no final de 6 dias li o livro. Resultado? Um livro que poderia me fornecer 10 horas de treinamento me forneceu em torno 12 horas. Não foi tão ruim assim.


O livro em si...

O livro da vez foi o "GETTING STARTED WITH UNITY 5" o que dá nome a este texto. Tem a função de mostrar, superficialmente, o conteúdo do programa. Mostra boa parte da interface, da estrutura dos projetos dentro do programa, como organizar as informações do projeto e dos arquivos, onde estão essas informações, o que são scripts e como escrevê-los (na linguagem C#), para que servem e como usar os códigos e como melhorar o projeto final dos jogos testes com poucas alterações ou acréscimos de conteúdo.

Obviamente não é pra deixar qualquer um expert no programa. A proposta não é esta.
Como havia acompanhado alguns canais na internet sobre produção, organização e criação na ferramenta (vídeo aulas não é comigo, dão muito sono, e meu aproveitamento é risonhamente baixo), algumas coisas já havia aprendido porém eram pouco úteis. O livro ajudou nessa parte de mostrar como fazer um uso melhor da ferramenta.

O aproveitamento foi compatível com a proposta?

Na prática ainda preciso verificar a eficiência do livro. Começar a leitura com um novo projeto é uma ótima forma de trabalhar mas o laptop usado não suportou o processamento do programa então precisei parar o uso por um tempo. Consegui verificar e testar a ferramenta em vários momentos da leitura mas a limitação tecnológica disponível me impediu de fazer mais. Isso não significa que o livro seja ruim, é só escalonar pra baixo, a proposta do livro e disso refazer o jogo modelo.

O que pude perceber foi que ao terminar a leitura, antes de conseguir arrumar o projeto, foi mais útil e interessante, para saber até onde vai o projeto do livro, do que parar numa parte onde a quantidade de conteúdo jogado no projeto se tornaria exagerada e difícil de manipular.

Os últimos capítulos do livro também recomendam a fazer o projeto em tamanho reduzido para só depois de ter o controle deste projeto começar a pensar em outras situações mais específicas como fases novas, novos personagens, múltiplos jogadores ou novas interações.

A geração de novas fases em uma sequencia de cenas ordenada para gerar a mudança de telas do projeto para o jogador saber que está num jogo foi abordada de forma rápida e curiosa porém ineficiente. Ao menos para indicar que houve a menção dessa informação, isso houve.


Pontos negativos

Não são do livro e sim da ferramenta.

Por ser uma ferramenta que trabalha 2 modos distintos de execução (2D e 3D), parece confusa no início e até é confusa até descobrir que existem visualizações diferentes dentro da interface, basta procurar (o livro indicou onde ir). Mesmo que existam essas visualizações diferentes, manipular elementos 3D sem determinadas vistas ortogonais, atrapalha bastante, principalmente para quem já está acostumado a fazer modelagem 3D ha mais de 10 anos.

A versão usada no livro foi a versão 5.x (isso significa que o conteúdo funciona para todas as variações dentro dela). A versão que comecei a usar foi a 5.5.2 e a maioria dos assets 0800 que precisava usar da loja do programa eram pra versões mais novas então mudei para versão 2018.4. No trabalho do Senac GO, caso eu precise usar a Unity por lá, tem a versão 2018.3.

Aí aparece uma curiosidade que a Adobe resolveu na versão CC dos programas dela. Desde os primórdios, os programas da Adobe mais novos reconhecem os arquivos dos programas mais antigos porém os antigos não conseguem 'ler' direito os arquivos mais recentes (se conseguirem abrir os arquivos). A Unity segue essa mesma tendência e quem fizer um projeto em uma versão recente de forma a abrir na versão antiga, a Unity não vai reconhecer e por isso é bom ter cuidado. O livro indica isso e é importante saber. Ponto pro livro.

Conclusão

O livro me ajudou a chegar no conhecimento mínimo aceitável para fazer as devidas manipulações dentro da ferramenta mas ainda faltam muitas horas pra me considerar no mínimo básico pleno do programa para conseguir alcançar os resultados esperados. Isso será alcançado com o passar dos próximos livros e projetos.

Para quem tem um inglês razoável (intermediário ou além) e precisa descobrir o que é esta ferramenta recomendo dedicar uma atenção a ele. Ajuda a entender um pouco como ela trabalha e funciona.

Até o próximo livro.
Ass.: Thiago Sardenberg

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