Compartilhar experiências
Compartilhe suas experiências. Só os medrosos tem medo de serem substituidos.
Os bons nunca param por muito tempo. E costumam voltar ao trabalho melhor que antes.
Devido as limitações, falta de contato, restrições desconhecidas ou descabidas nos trabalhos uma coisa é certa: sempre aprendemos coisas relevantes para algo ser realizado melhor futuramente. Graças a elas que aprendemos a dar valor ao trabalho e não ao tempo de serviço. O que foi acumulado nesse tempo de serviço é experiência vivida. Trabalho? Qualquer coisa que precisa ser feita para resolver problemas. Designer é um profissional que tem por origem e função, resolver problemas do ser humana, do mercado, da indústria, do comercio, e trabalha por demandas, nunca por gosto. Se fizer por gosto não é design, é arte e arte, é sim um gosto muito pessoal.
Coisas que trago como rotinas para melhorar o meu dia-a-dia como designer.
Prazos -> Defina prazos maiores que o necessário para realizar o trabalho pedido. Alguns ajustes e ideias de ultima hora podem aparecer e fazer o boom que o trabalho precisa para virar ‘O Trabalho’.
Pesquisa -> Defina tudo o que é preciso retirar de informações do cliente. O cliente conhece o seu próprio negócio mas o designer e dependendo do local, empresa ou setor o departamento de marketing não vai existir por isso saber perguntar coisas é fundamental.
ADM -> Administre bem o seu tempo. Pesquisa e desenvolvimento de soluções custam tempo, muito tempo, e isso precisa estar estipulado para o cliente. Um trabalho que pode ser rápido e executado em 2 ou 4 horas, o cliente sempre vai pensar que poderá ser feito em 20 minutos. O sobrinho dele faz isso em 20 minutos. “Então peça ao sobrinho, não ao profissional. Simples!”
Espaços -> O espaço de trabalho do designer, pode ser qualquer lugar. Desde que haja disponibilidade de ferramentas para ele executar. Pode ir desde uma prancheta ou um pedaço de guardanapo de papel, até no banheiro com um tablete em uma hora das mais inoportunas. O trabalho de pensar do designer é dele e não do seu cliente logo o ambiente nunca pode ser um limitador de ideias e trabalhos e de onde ou como, o designer, deve trabalhar.
Contrato -> Defina tudo o que o cliente irá receber ao final do trabalho. Deixar com eles os arquivos produzidos e a liberdade de escolher onde e quando irá finalizar é por conta e risco deles e da gráfica ou estúdio, ou agência ao qual ele escolherá e não cabe ao designer essas escolhas. Se for para reduzir os custos também é uma escolha do cliente, não do designer.
Se for para o designer resolver esses problemas, tenha em mente que essas respostas devem estar sempre na ponta da caneta e o designer poderá botar um valor bem mais alto para por a mão no seu rico dinheiro porque você cliente está sendo preguiçoso e atrapalhando outros serviços do designer. Por isso atenção. Se é para resolver esses problemas como o designer vai fazer trabalho que precisa se o cliente não quer ajudar? Ele vai cobrar caro e tem motivos de sobra para isso. “É só um ajuste. Mais 50% de valor”, “É coisa rápida! Acrescente 200% de valor!”, “É coisa que não demora! Mais 500%!” Só assim o cliente vai entender que tempo é dinheiro e se insistir cobre mais alto.
Riscos -> DESIGNER! Não faça isso com todos os seus trabalhos e/ou clientes. Um dos maiores e constantes erros dos designers é achar que pode dar conta de resolver 5 trabalhos de 1 mês cada em 1 semana e todos eles juntos. Esse egocentrismo e falta de noção de riscos é um passo certeiro e invisível para um fracasso enorme para depois virar uma depressão profunda. Não o faça! E respeite seus fins de semana e horas de sono. Rotinas de: descanso; esporte; alimentação; parentes e amigos são só suas, não dos seus clientes. Só com tempo de trabalho que se resolve os grandes problemas e parentes e amigos? Precisam entender quando se tem tempo e quando não se tem. E isso também vale para os clientes.
Valores -> Definição de valores é sempre um problema. Não sou o único, nem o primeiro nem o último a ter dificuldades para acertar um valor e cobrar e receber bem por esse ou qualquer trabalho. A melhor maneira, e de certa forma mais justa, é definir um valor de horas e cobrar pelo total de horas gastas. Defina dia-a-dia, tipo um cronograma, que nesse caso será quase um organograma, onde todas as atividades realizadas e o tempo gasto nelas fiquem definidos e visíveis. Marque o tempo gasto em horas. Defina o valor da sua hora e cobre por elas.
Valor pré-definido -> Outra forma de tentar cobrar pelo trabalho é defina uma quantia que gostaria de receber por mês. Lembre-se que rotinas de trabalho são geralmente calculadas em 5 dias por semana com 8 horas de duração cada totalizando 40 horas. Podem ser distribuída de varias formas mas é nesse patamar que se encontram a maioria dos contratos. Como são cerca de 22 dias de trabalho por mês (com algumas variações para mais e para menos), isso dá em torno de 160 horas trabalhadas. Calcule R$ X.000,00 de valor por mês. Quer pagar impostos? Acresce 35% ao valor final (e tenha MEI e um contador) ou reduza esses 35% desse valor original (nesse caso exige um contrato mais detalhado e contador então aprenda a fazer os seus). Com o que sobra, desse valor, divida o total resultante pelo total de horas que se irá trabalhar durante o mês. Pronto, o valor das suas horas de trabalho estará definido. Se achar pouco, aumente essas horas e faça o processo inverso para chegar ao valor total do mês. Dessa forma ajuda a se achar.
Legislação -> Mesmo com a reforma trabalhista aprovada pelo governo Michel Temer em 2016 onde a mudança foi muito mais forte na direção dos benefícios que as empresas terão do que a manutenção de direitos que os trabalhadores precisam para ter salário compatível com a realidade e que favorece a dignidade a partir dos seus trabalhos, essas medidas também foram realizadas para favorecer os MEIs e não aos funcionários e sindicatos organizados (a perda da contribuição obrigatória não foi atoa). Com isso é inevitavelmente que algumas situações ocorram: a 1ª a perda de força das categorias organizadas que poderiam lutar por maiores direitos e salários com relação aos seus patrões; a 2ª um aumento da arrecadação para todos os níveis de governo pois será uma relação de quem tem empresa e cobra menos que irá levar os trabalhos; a 3ª consequentemente acontecerá a redução de férias dos funcionários, principalmente particulares; a 4ª possibilidade de estender as horas trabalhadas por dia (12 horas por dia durante 6 dias é insano e infame); a 5ª (e mais cruel delas) é a possibilidade de gravidas trabalharem em ambientes insalubres durante a gestação (quem vai arcar com as consequências que podem cair sobre os futuros filhos?) entre uma infinidade de outras alterações medíocres que o governo propôs (sem falar na redução de impostos que causou com isso também). Por isso tenha cautela e estude as suas leis. É um porre, demanda tempo um tempo longo e precioso e muita atenção, mas ajuda a definir os seus futuros contratos de trabalho caso seja obrigado a fazer algum, algum dia.
Direitos autorais -> A lei de direitos autorais é nacional e vem da década de 1970. Ela estipula uma série de regras e condições que definem as situações as quais autores, artistas, desenhistas e uma diversidade de trabalhadores das áreas criativas e artísticas devem cumprir. Ou se trabalha para receber um valor mensal (carteira assinada ou temporário para uma determinada empresa por X.000,00 mensal), ou se vende os direitos daquele trabalho/arte (e se ganha por ele sem qualquer retorno sobre a reprodução), ou se vende os direitos de reprodução por tempo determinado ou N° clientes (e cobra Royaltes) e o artista tem retorno por aquela arte (tipo CD de música nas lojas ou o ECAD com a reprodução em meios de difusão vigentes ou futuros, tipo SpotFy).
Dúvidas -> Nos períodos e ocasiões onde ocorrer duvidas pare a continuidade do seu trabalho, pare tudo e envie mais e-mails para o cliente responder e mantenha-os salvos. E-mail é um documento oficial que causas trabalhistas e de contratos cancelados sem justificativa podem ser usados para se entrar com ações. É nos e-mails que o custo do trabalho técnico, aquele que o cliente nunca sabe que ocorre mas acontece é que vai ver o quanto o trabalho do designer pode ser longo, demorado e moroso. Só porque estamos numa área dita criativa que não existam burocracias das nossas rotinas e situações administrativas que vigoram sobre o trabalhador, e os trabalhos em execução.
Consequências -> O cliente precisa arcar com parte ou a totalidade dessas consequências. Desde a falta de informação, informações truncadas e conflitantes, e inevitavelmente suas urgências. Os clientes que precisam daquele trabalho e do Designer enquanto os Designers precisam muito mais, do que imagina, dos seus clientes. As responsabilidades dos Designer também abrangem as dificuldade de execução e vontade de fazer o que o cliente não pediu por isso “Segure a onda”. Não adianta tentar vender algo que o cliente ache inútil se o mesmo não te chama para fazer novos trabalhos. O cliente tem demandas variadas e o Designer uma volatilidade incrível. Sejam ambos pacientes e respeitosos e acima de tudo, humildes. Bons trabalhos chegam, são realizados, passam e realizam suas funções com seus clientes, o mal trabalho geralmente vem e fica no seu colo até alguém falar “BASTA!”.
Urgências -> Cliente que é cliente geralmente vai mandar trabalhos em cima da hora e com uma boa dose extra de urgências (muitas delas de origem sentimental e sem pensar nas consequências, riscos e valores). Se todos os trabalhos são urgentes e para ontem, não existem urgências existem demandas ignoradas. Parece ser idiota mas não é. Se for para apagar incêndio em todos os trabalhos, o problema não é do designer e sim dos clientes que não se programam para enviar esses trabalhos e/ou da gerência que não passa os trabalhos nos prazos certos enquanto os trabalhos longos e curtos ficam na pendencia esperando se tornarem urgentes.
Ignorância -> Nem sempre o problema do cliente é falta ou excesso de informação. Geralmente é um problema carregado de valores e conhecimentos culturais dele que gera uma certa cegueira aos problemas e propostas que ele precisa receber e entender para tentar resolver. Costumam ouvir pouco e meter o nariz onde não foram chamados e no Design isso é 90% ou mais dos casos. Veja nos jogos da seleção canarinho. As eliminatórias da Copa ou na própria Copa do Mundo, são 200 milhões de técnicos xingando o coitado do técnico mas quando ganha, são 200 milhões gritando “É CAMPEÃO!”. A cultura do brasileiro é cheia de "eu acho isso ou aquilo” e nunca “É isso ou aquilo!” e isso espera que os outros entendam ele mas... Não! Isso não pode acontecer. Trabalhar sob demanda é uma característica dos trabalhos dos Designers não dos clientes deles. Se existem demandas, se organize. Se é para ontem, mande antes de ontem. Só não peça para ontem o trabalho que irá mandar amanhã. Ninguém sabe o que você, cliente, precisa mas ignorar as tarefas e funções de cada pessoa da cadeia de trabalho ao qual você precisa dos serviços é um tanto quanto ignorância elevada ao total de habitantes no mundo, um tanto quanto enorme.
Críticas -> Querendo ou não elas serão feitas e só quem está no mercado ou executando trabalhos que irá recebê-las. Ficar alheio e com carinha de criança nervosa que foi contrariada é que não pode ocorrer. É difícil tentar controlar as criticas dos outros. Não foram eles que executaram o trabalho mas é sempre daqueles que estão do lado de fora do trabalho que conseguem ver os erros e defeitos que os executores não viram. Pense nisso.
Particularidades -> Cada uma das pontas e componentes nessa cadeia de trabalho tem seus gostos e suas particularidades. Designers trabalham com as vontades, volatilidades e desejos dos clientes. Não adianta falar e argumentar que o seu gosto é melhor se não bate com os credos e gostos dos clientes. São eles que estão te pagando logo, siga o fluxo, deixe o bote navegar e veja aonde podem chegar. Se der errado, infelizmente, é o Designer quem muito provavelmente irá pagar mas é bom lembrar, foi o cliente quem mandou logo não há o que argumentar... Óbvio, ele nunca vai aceitar isso e é nesse momento que é preciso mostrar discernimento, quais, quantos, como e quando esses erros ocorreram e mostre-os. Só assim os ânimos irão diminuir.
Acredito que essas contribuições, que deixo no blog do mestrado, possam ajudar outras pessoas e aos muitos interessados de plantão. Não é fácil fazer as coisas ocorrerem no Brasil mas só nós podemos alterar nossas realidades para que haja mudanças importantes. E se deixar que outros metam o bedelho no seu trabalho seja humilde para aceitar as informações como acréscimo de conhecimento e nunca como uma critica descabida.
Mas tenha em mente, só os Designers podem falar de outros Designers. Mostre isso aos clientes e com humildade e polidez. Seja limpo e sem termos grosseiros em suas palavras e vá em frente. Momentos ruins todos passam mas o sol sempre volta a brilhar no dia seguinte.
Deixo uma recado “Cliente: você gosta dos seus fins de semana? Eu também gosto! E meus fornecedores também! Por isso espere o tempo que foi dado caso contrário nada será resolvido...” Se quiser usar como lema? Use mas mostre de onde veio.
Ass.: Thiago CS.
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