Design e suas vertentes. No caminho para o mestrado...
Uma das relações mais difíceis de fazer foi associar uma ideia de origem abstrata ao tema concreto de uma determinada profissão, atuação ou trabalho que possa aparecer.
A área do Design é uma das mais subvalorizadas no Brasil e por estar presente em uma infinita combinação de trabalhos associados com arquitetura, editoração, artes, cinema, tecnologia, marketing, gerencia de projetos e comunicação (por serem as mais atendidas) não significa que a biomédica, matemática, psicologia, educação e engenharias não tenham sido atingidas pelas ações ou tarefas de muitos Designers.
No livro O Efeito Multiplicador do Design a autora, que trabalhou com Aloísio Magalhães, um dos Designers mais renomados e conhecidos do Brasil, faz o trabalho de encarar a evolução da área como principal objetivo de valorização da nossa cultura e como essa sub valorização da profissão e da carreira acarreta numa outra forma de aprofundar a submissão que nossa sociedade faz (de forma inconsciente) em prol do rótulo “o lá de fora é sempre melhor” que, infelizmente, é replicada no discurso fatalista que empregamos por gerações e gerações...
Mesmo que o livro já tenha lá seus anos de publicado o trabalho de pesquisa sobre a nossa cultura e o nosso Design é fundamental para o reconhecimento de que o brasileiro precisa mudar sua forma de pensar e agir com relação a ele mesmo.
Na pedagogia os problemas de origem da educação são infinitos e precisamos bater de frente com muitas situações e realidades para que o sistema tenha algum efeito na vida das pessoas que são atingidas por ele. Sistema esse que tem uma ideologia perfeita e é pensado para tal porém só é proposto para existir e não para ser feito para todos.
Infelizmente, parte das posturas que a sociedade tem em relação ao Design é muito associada ao Marketing ou a Publicidade. Devido a capacidade inata do brasileiro se manter fiel as suas convicções infundadas no que não conhece e diz conhecer também não reconhece que sua falta de estudos é um problema para o reconhecimento das funções e objetivos de certas profissões.
Enquanto o Marketing foi feito para valorizar e vender mais produtos inúteis de uma indústria destruidora de recursos básicos e matérias-primas finitas a publicidade vem para valorizar a máxima finalidade de coisas que não precisamos ter ou comprar para irmos a uma revenda e comprar mais uma inutilidade para sermos mais valorizados pelos outros.
A realidade do mundo globalizado não é só acessar produtos melhores e serviços de maior durabilidade e finalidades porém, como país subdesenvolvido (ou hoje em dia dito, em desenvolvimento) a carapaça de país de colônia do sistema devorador de recursos está cada vez mais evidente.
Infelizmente, para as maiores economias do mundo, progresso é destruição dos recursos naturais para a criação de produtos industriais que podem ser vendidos por maiores preços devido as tecnologias e patentes empregadas em suas produções. Infelizmente, de novo, os países subdesenvolvidos (como sempre eles) são os maiores consumidores desse lixo todo.
Para um país sobreviver ao mundo globalizado é preciso ou se ater as suas origens e rebater, de forma enfática, a tudo que é ruim e que vem de fora para valorizar o que é seu e o que vem de dentro e é bom para valorizar ainda mais o seu povo, sua cultura, sua indústria e um projeto macro social para dessas vertentes haver a substituição das influências estrangeiras.
O livro indica algumas possibilidades de como valorizar o trabalho e os fatores que fazem do Brasil uma referencia em algumas áreas e dos Designers brasileiros pouco valorizados. Como dito, infelizmente, o livro já tem alguns anos e demonstra uma realidade de época que passou porém, relendo nos dias atuais, parte desses problemas continuam a ocorrer.
Por fim, ainda indica alguma literatura de época boa o bastante em suas teorias e explanações de como conseguir vivenciar alternativas de produção, culturalmente elevadas, fora das esferas mecanicistas típicas do Design Industrial e fora do artesanato mais bruto e braçal (mesmo que algumas alternativas exijam muito trabalho braçal).
Mesmo com seu tom saudosista ao final da obra, fica a dica de uma leitura histórica relevante para a área do design gráfico nacional.
Ass.: Thiago C.S.
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