Quanto mais se lê mais se apreende e mais se critica em prol de algo coerente
Até as pessoas entenderem porque tem que ser assim? A educação faz a sua parte para criar, nessas pessoas (e muitas vezes tratadas como sujeitos) diversos sensos individuais.
Nas ultimas semanas a dedicação aos estudos tem passado todos os limites que achava coerentes e isso tem se mostrado num acúmulo de informações estupendo. Nunca fui bom estudante mas sempre carreguei uma couraça invisível de bom aluno. Fazer a minha parte, mesmo sem entender o porquê, era uma característica da educação que minha mãe passou.
Faltar por besteira? Raro até porque era mais conhecido como o Caxias da turma e faltava menos que o porteiro da escola. Mó louco. Mas sempre tive problemas de aprendizagem onde alguns conteúdos não faziam o menor sentido. Descobrir que meu descontentamento se repetia não em uma ou outra instituição de ensino mas em todos os níveis da escolarização formal (inclusive na graduação) só mostrava como a escola estava fazendo a parte dela. Uma dicotomia? Não! Ela fez a parte que lhe cabia. Criou o senso crítico que precisava. Isso é ótimo.
Pela pedagogia as principais funções da escola são: desenvolver os alicerces para as pessoas exercerem sua cidadania; criar e desenvolver o senso de autonomia nessas mesmas pessoas; e acima de tudo desenvolver o senso crítico do pensamento individual para o que é melhor ao coletivo.
Infelizmente esse coletivo é relativo devido as classes sociais que existem na sociedade fazem o que lhe convém: olhar para o próprio umbigo e definir o que lhe é melhor (o texto não vai seguir por esse caminho pois não é a intensão). Pois bem...
Constatações...
No caminho para o mestrado constatei uma informação interessante e isso só ocorreu por que existe o senso crítico.
1° Procurei mestrado em todas as universidades públicas (estaduais e federais) do Brasil e em todos os estados para verificar quais delas tinham algo que me interessava (educação ou design e algo a mais).
2° Já conhecia o site Altillo.com faz algum tempo e nele existe uma lista bem completa das faculdades e universidade do Brasil e de vários países da América Latina e da Espanha, vale a consulta regularmente pois algumas já faliram e os sites não funcionam quando existe link.
3° Fui ao site da CAPES para verificar quais e quantas instituições de ensino tinham Mestrado em Design e por ter passado em diversas das brasileiras, já sabia boa parte dessa informação numa penosa e importante caminhada.
4° Em todos os mestrados pedem, ao menos, proficiência em UMA língua estrangeira e no doutorado pedem DUAS línguas estrangeiras.
5° As línguas estrangeiras que pedem para design não contempla Italiano.
Dessa constatação veio o que mais me espantou: quais línguas são pedidas e, nas origens de seus países, quais são as suas contribuições sociais ao mundo?
As línguas pedidas regularmente são: Inglês, Francês ou Espanhol. Naturalmente as mais faladas nas Américas fora o nosso português.
As línguas pedidas não tão regularmente: Alemão, Grego ou Latim, pelas suas contribuições mundiais ou de origens da cultura ocidental.
As línguas não comuns mas que podem aparecer: Russo, Japonês ou Chinês (e esses caras já aparecem por aqui).
Porém, o fato mais curioso que me chamou a atenção foi a da língua italiana. Não me recordo de ter visto prova para essa língua em nenhuma das instituições as quais passei.
Outro ponto de vista.
As contribuições que cada país fez e/ou faz para o mundo hoje. Lembrando que esse questionamento vale para qualquer época e área de interesse.
Inglês – Da Inglaterra, grande rainha dos mares nos séculos XVIII e XIX, e primeiro país na revolução industrial. Depois os Estados Unidos, com sua nova forma de imperialismo, o neoliberal, de fazer as políticas externas de ‘boa vizinhança’ com seus parceiros e grande criadora das patentes industriais.
Francês – Grande opositora da Inglaterra. Representante das artes teatrais, da cultura artística, dos cabarés, da literatura e da poesia. Fábrica da ‘cultura’ erudita e das teorias da educação. Incredulidades à parte, 60% da língua inglesa é baseada nos termos ou expressões franceses devido a corte inglesa, durante muitos séculos, só falar francês. Escolas de culinária e estudos da arte de se comer bem, junto a vinhos e espumantes.
Espanhol – Além da dança flamenca e espanhola? Muitas outras mas a maioria dos países da América Latina fala catalão e, não diretamente, o espanhol, e nada mais justo do que ter essa língua como uma das mais comuns nos testes de proficiência no Brasil.
Português – Entre os séculos XV e XVI devido as grandes navegações. As escolas de navegadores nas cidades italianas e a Escola Sagres em Portugal, durante esse período, foram as contribuições que esse povo fez.
Alemão – Contribuição com todo o desenvolvimento industrial dos períodos pré-guerras do século XX, a Filosofia e a Sociologia dos séculos XVIII e XIX com seus teóricos e tendências da educação e ensino eruditos. Pode ser considerada a Prensa de Gutenberg que unificou a língua alemã quando publicou a primeira bíblia em língua diferente ao Latim. A Escola da Cerveja.
Grego – Das mitologias europeias as artes cênicas (e no teatro de arena com a comédia e outros gêneros) sem esquecer as olimpíadas, parte das palavras das línguas neolatinas tem ou sufixo ou prefixo baseados na língua grega.
Latim – Devido ao Império Romano ter se mantido inteiro por mais de 10 séculos, sua contribuição à história foi justamente a república, a bíblia e uma igreja unificada durante certo período da história.
Russo – Mesmo tendo passado por monarquia onde uma sangrenta guerra civil interna deu origem a outra ditadura (a do proletariado), foi uma potência científica, levou o homem ao espaço, contrapôs o capitalismo de indústrias e mostrou (mesmo falindo) a possibilidade de ser diferente ao capital.
Japonês – Industria da cultura e do entretenimento, a convivência com as tradições e modernidades industriais, da disciplina e das artes marciais. Da cultura do chá e do estilo de vida mais calmo e organizado.
Chinês – Potência capas de passar a economia americana, substituto do sistema politico da URSS (que faliu), economia interna de mercado, dependência mútua do mundo com eles e deles com o mundo. Maior população nacional que um país com vasto território pode ter.
Italiano – Indústria automobilística, culinária, mitologia politeísta, igreja única, parte da indústria dos livros e da prensa, fabricação dos vinhos. Escola de navegadores. Artes clássicas e neoclássicas. Grandes mestres. Indústria do Design, de objetos e artefatos no pós 2° guerra.
OBS 1: todos os povos contribuíram com muitas outras 'coisas' para a formação do mundo de hoje como o conhecemos. A visão é simplista porém direta ao ponto. Por fatores históricos conhecidos e de fácil acessibilidade. Sem enrolar no meio de campo ou falar demais sem muito embasamento.
Conclusão
A partir das contribuições que cada uma dessas línguas (e seus respectivos povos) fizeram ao mundo a constatação final que deixo é: porque essa língua, a italiana, não apareceu em nenhuma prova de proficiência, nos mestrados e ou doutorados em Design, do Brasil?
Durante alguns séculos o povo italiano passou por um êxodo que foi espalhando pelo mundo sua cultura e influência (igualmente a muitos outros povos antes e depois dela) e mesmo não tendo contribuído tanto para o aumento do povo brasileiro, existem cidades do país e regiões de determinados estados, com uma concentração de seus descendentes muito forte (não ignorando ou excluindo os descendentes das outras regiões) e porque a língua não pode ser considerada uma opção para as provas de proficiência?
O Design (independente a língua de pesquisa ou vertente de trabalho) é uma área a qual a Itália se destaca por sua contribuição entretanto onde está a exigência do italiano como algo no mínimo e interessante para ser usado? Não entendo o por que dessa postura.
Esse é motivo desse texto. Constatar e contestar certas imposições que o sistema faz. Deixar claro que existem outras opções é o objetivo e o por que de não serem usadas é a contribuição que deixo aos interessados.
OBS 2: não sei italiano e na prática só sei alguma coisa de inglês (consigo me comunicar mesmo que eles entendam que sou estrangeiro). Por área de atuação ou por ser próxima ao português (francês e espanhol também tem suas semelhanças pois são línguas neolatinas) o italiano me cativa mais (adoro pizzas e macarronadas também).
- - - - - RESSALVAS - - - - -
Descobri poucas semanas depois que na Itália é mais comum o Design trabalhar com enfase no Marketing e nas academias também é mais comum escrever já em uma língua estrangeira mais usada do que em italiano. Devido a tradições do país e situações econômicas globais faz sentido tais posturas.
Até a próxima postagem.
Ass.: Thiago C.S.
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