E o mestrado? Como vai ele? Ainda tentando...

OBS: Imagem retirada de buscador de imagens.

Nos últimos anos venho estudando sobre pedagogia de forma mais intensa e focada. Poderia ter ido direto para a graduação? Sim, fazer uma nova graduação nunca foi algo ignorado mas, na época, seria inviável. Foi quando achei a Pós em Docência.

Essa vontade surgiu quanto estava ministrando aulas de Design e treinamento técnico em alguns programas gráficos, bem famosos, em uma grande empresa. Já havia passado por estúdios de design, agências de publicidade e até mesmo gráfica. Ficar bem no meio dos processos de impressão em máquinas de médio porte, fechamento de arquivos, separação de cores, receber as chapas de impressão. Era uma confusão do caramba mas me ensinou muitas coisas.

Nessa época, já havia descoberto uma tendência de produzir meus trabalhos com o foco em ‘como repassar minhas tarefas ao próximo?’ e na prática também nunca consegui me adaptar direito a essa situação de “tudo para ontem” que fazia o dia-a-dia das gráficas e das agências. Fazia o que podia pra dar os resultados. Infelizmente errei bastante até aprender o que funcionava. Bom ou não, valeu a experiência que tenho hoje mas não o estresse da época.

Com o passar dos anos, e depois de 4 anos longe das gráficas, ter vontade de voltar a uma rotina dessas até existe mas não sei se valeria o esforço e querendo ou não o CV não tem gerado um resultado tão bom quanto o esperado.

Dessa experiência toda com a docência, no mercado e na realização de projetos em freelance acabei por cair na Pós em Docência (o trabalho da época não me oferecia muitas oportunidades de estudar pedagogia e preferi buscar por fora esses estudos). Nela tive o contato teórico das rotinas de pedagogia e dos processos internos das instituições de ensino. De forma geral a Pós fez algo que uma graduação faria em 4 ou 5 anos e consegui em 1 ano foi uma mão na roda. Na prática demorou 2 anos pois tive que fechar o curso por 1 ano então, foi mais tempo que o esperado.

No contato com os professores da pós vieram uma série de informações. Desde livros, e recomendações até que o tal trabalho de final de curso chegou. Esse cara está sendo o meu Calcanhar de Aquiles pois estou perdido no meio das informações já coletadas. Já consigo escrever sobre o tema escolhido mas nada resolver o problema: pré-projeto dessa pós e o pré-projeto do mestrado são coisas bem diferentes apesar de na prática pedirem as mesmas coisas.

As provas para diversas instituições estão para ocorrer (em diversos estados e cidades) nesse segundo semestre do ano (sem falar nos que ocorrem nos períodos de férias e os de instituições particulares que tem datas específicas), a bomba do resultado da prova escrita na UFRJ me deixou bem cabisbaixo. Além de não saber a nota final (não voltei a instituição para buscar os documentos e saber a nota) não passei no processo seletivo, essas provas estão ficando complexas e com as bibliografias diversas como são, fiquei mais perdido ainda do que já estava.

Cada instituição tem sua bibliografia quando não indicam no edital bibliografia alguma. Ter algum livro específico da área de estudos ajuda mas o que existe na prática é um combinado com menos de 10 livros sobre metodologias de pesquisa acadêmica e práticas para elaboração do pré-projeto e posteriormente o projeto final.

 

Ok isso é ótimo, pois existem essas referencias, mas Design não é só teoria. Até porque, no Brasil, existe uma infeliz situação onde as seguintes realidades (conflitantes) costumam ocorrer...

1° Professor de mestrado e ou doutorado é muito mais pesquisador do que docente.
Infelizmente é uma verdade porém não é unanimidade. Da mesma forma que a legislação não gera outras interpretações com relação ao título de Mestrado Acadêmico ou Mestrado Profissional, todos são mestres. Gerar um ruído tremendo entre o corpo Discente (dos alunos), a diretoria (os chefes de setores e diretores de cursos) e os Docentes (pessoas com titulação porém que não tem habilitação para dar aulas mas sim são bons em pesquisas acadêmicas) não é saudável ter essas diferenças tão gritantes porém acontece em muitas faculdade. Alguns professores são ótimos em sala de aula e criam ótimas experiências de aula (ver item n° 4 mais abaixo) enquanto nem todos são bons na pesquisa acadêmica. Entretanto temos diversos pesquisados que são bem reconhecidos pelas suas pesquisas e ganham prêmios importantes porém são péssimos nas salas de aula. E disso vem uma simples pergunta: o aluno precisa de um acadêmico bem reconhecido em sala ou de um docente bem treinado e conhecedor das praticas e sistemas pedagógicos que regem os sistemas de educação? Esse é o ruído.

2° MEC e CAPES.
Sim eles são responsáveis também. Com a proliferação dos cursos de diversas áreas, por diversos locais, em diversas instituições, acabou por gerar uma inflação (no sentido de multiplicação deles) de cursos e como as Universidades Públicas não iriam conseguir acompanhar o exponencial crescimento da procura por cursos de graduação o MEC liberou geral a criação e a permanência dessas Instituições de ensino Superior (particulares) para suprir demandas que as Universidades Públicas não conseguiriam e suprir essa demanda por quantidade e não é definição de qualidade.

3° Quantidade não é qualidade.
Nesse ponto o MEC ainda é responsável pois a avaliação dos cursos é feita pelos alunos no ENADE, passa pela infra estrutura e condicionamento dos Discentes, Docentes e Funcionários em realizar os seus respectivos trabalhos. Como para melhorar é preciso investir muitos recursos financeiros, os melhores cursos (com o corpo docente com melhor e maior titulação e quantidade de trabalhos acadêmicos publicados) continuam sendo os de instituições públicas. Quem tem infra mais adequada geralmente são as particulares e essa dicotomia é um perigoso precedente pois se perde em médio e longo prazo a qualidade que todos pedem e poucos cumprem. Despejar nessas avaliações do MEC o credenciamento da instituição e/ou a regularização de seus curso, junto ao MEC, não é muito bom. O aluno fica sujeito as intempéries e mudanças imprevistas e muitas vezes desprotegido.

4° Avaliação VS Titulação.
Ser professor é: buscar as melhores alternativas possíveis para criar a melhor forma possível de ensinar os alunos a descobrir e exercer sua autonomia com relação ao que é aprendido nas salas de aula das academias. Infelizmente, a totalidade das Universidades Publicas e algumas particulares cobram a titulação de Doutores e isso não é fácil de conseguir (nem no Brasil nem fora). Junto disso temos o ‘Valor’ dos títulos que essas faculdades (avaliação do MEC) recebem ao passar pelas avaliações do MEC e em pontuações específicas onde um especialista vale 2 pontos, os mestres valem 3 e os doutores valem 5 pontos (Mestrados e Doutorados são avaliados e tem permissão para existir pela CAPES não pelo MEC) com a nota do ENADE, que é de responsabilidade dos alunos conscientes das suas obrigações nas suas faculdades, temos a avaliação. A soma desses 3 grandes itens tem-se a nota geral dos cursos.

5° CAES e a Legislação.
Sendo a CAPES (e não o MEC) quem avalia os cursos (de Mestrados Profissionais, Mestrados e Doutorado) e reconhece a nota de cada um deles, o gargalo para se chegar nesses cursos são bem maiores e como o processo seletivo é mais intenso (diversas e difíceis etapas eliminatórias), estar preparado é crucial. Nesse ponto acontece outra disparidade da realidade brasileira: as públicas tem muitos alunos com foco nas pesquisas o que garante, previamente, uma chance maior de se chegar no mestrado daquela instituição específica, que tenha o mestrado, e com professor que dê aula nos 3 níveis (graduação, mestrado e doutorado). Isso é injusto pois a seleção é feita previamente.

Qualquer que seja o processo de seleção um aluno não inviabiliza outros alunos interessados de participar dele. Porém não é garantido que esses alunos, externos, não tenham a qualidade que os alunos originais daquela instituição tem. Enquanto as particulares, devido as suas infra estruturas e objetividade no mercado, acabam treinando os alunos para a atuação da profissão de forma mais certeira, as públicas se afunilam nos trabalhos e pesquisas acadêmicas e os processos de seleção de mestrado e doutorado para a não chegada de alunos não tão bem qualificados se tornam verdadeiras peneiras. Não considere errado ou injusto fazer isso pois em todas as outras instituições (nacionais ou estrangeiras) eles ocorrem e seguir a tendência de tirar a nata da nata dos melhores é algo importante para o futuro de todos.

A legislação brasileira (LDB e outras leis complementares a ela) permite a coexistência das duas formas de se trabalhar porém para os alunos mais acadêmicos essa não é a realidade enquanto os de mercado se colocam e recolocam nas suas carreiras mais rapidamente. Lembrando que umas não inviabilizam os méritos das outras e que é preciso mais estudos específicos sobre essa informação. Além de que nenhuma instituição anula nem desqualifica o trabalho das outras porém possuem objetivos definidos que não são eles que qualificam os alunos formados por delas. O mercado profissional é o que na prática valida ou não a qualidade daqueles profissionais e instituições.

Disso vem o questionamento final: estou ou não estou preparado para encarar um mestrado?

Na prática não me sinto tão preparado assim além de um pouco (bem na verdade) perdido. Ser humilde para reconhecer isso é que tenho muito o que estudar e escrever. Qualquer tema é complexo e focalizar num determinado ponto dele é bem difícil (esse é o objetivo de qualquer mestrado e dar enfase aos teóricos para embasar a pesquisa o principal trabalho).

Os editais (de anos anteriores) ajudam a conhecer melhor os sistemas de avaliação e como ingressar nesses cursos (independente de qual seja ele). Não é um processo simples mas é interessante mesmo que seja cansativo e estressante. Vindo do mercado (com 2 pós graduações) será que isso vai ajudar? Não sei mas me ajudou a entender o que eu faço e o que quero pra mim. A academia me encantou e fico feliz em poder ensinar os outros.

Além da expectativa já ser enorme, mais um fracasso vai elevar meu nível de frustração acumulado nos primeiros editais de forma exponencial. Já estou perdendo os cabelos mais rapidamente.

Até a próxima.
Ass.: Thiago C.S.

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