Não passei e agora? O que eu faço?


No último dia 24/05 enfim saiu a lista de aprovados para a 3ª fase classificação do mestrado da UFRJ (1ª turma desse nível acadêmico) na instituição. Como o esforço destinado ao processo da UFRJ para alcançar tal objetivo não gerou resultado definitivo, a 2a prova era uma redação (fora dos moldes de vestibular ou ENEM) onde o candidato deveria relacionar os temas definidos, concordando ou não, sendo ou não favorável a eles.

Os temas sorteados, entre os 6 temas pré definidos pelo edital de convocação foram:
Ponto 2 – Visualizações diversas de ideias/conceitos no campo do design.
Ponto 5 – Deslocamentos poéticos no design contemporâneo.
Ponto 6 – Múltiplas formas de percepção tátil/visual na produção do design.

Relacionar apenas dois desses temas pré definidos e de forma a deixar claro o porque da opinião do candidato ser aquela ao qual ele estava se posicionando.

A banca, no dia da prova, se posicionou com relação ao que deveria ser escrito e deixou claro que não importava a opinião e sim como os candidatos se posicionariam. A qualidade da escrita e do conteúdo apresentado seria o critério da avaliação. Como mensurar isso, algo bem subjetivo e complicado, era a minha curiosidade antes de começar a prova. Já havia percebido também, quando todos os alunos estavam em sala, que essa prova seria definida via décimos de pontos pois estavam todos os 50 inscritos na sala fazendo a mesma prova. Tensão pura.

Logo no início da prova perdi algum tempo, lembrando e extraindo algumas palavras chaves dos temas escolhidos. Depois escrevi algumas frases soltas porém com relação direta aos temas sorteados e desse ponto começaria a escrever o texto que estava pensando. Com cerca de 30 minutos, já tinha definido o conteúdo que deveria escrever e tentar defender.

Os temas 2 e 5 foram os que escolhi para relacionar. Além de ter um domínio melhor sobre eles as relações, a princípio, seriam menos complicadas de serem exploradas e defendidas pois estavam de acordo com o tema que iria explorar durante o mestrado: a criatividade.

Porém, além de ter me empolgado no momento de escrever sobre também acabei por criar um diálogo natural entre os temas durante o ato de escrever. Isso eu acabei por perceber que não era algo fácil de ser feito e no entanto estava experimentando o resultado, na prática, de tudo o que havia estudado até então. A criatividade estava fluindo no processo de fazer aquela prova de acesso ao mestrado.

Durante essa escrita o conteúdo fluía entre minha mão que escreve e meu cérebro. Num dos livros que li sobre criatividade (ao qual ainda não terminei na hora que escrevo esse texto) já havia indicado que o processo criativo era a capacidade de realizar alguma atividade que deixava de ser consciente e lógica e se tornava intuitiva e instintiva, ao ponto de ser tão natural que não havia como desassociar tal ação da concentração pura.

E foi exatamente isso o que ocorreu. Minha concentração era tamanha que não conseguia parar de pensar nas relações entre os temas sorteados. Ao escrever no papel, o que estava pensando, um processo livre de barreiras ocorreu sem que fosse percebido. Relia o texto diversas vezes para organizar minhas palavras e não errar nem a concordância nem os pontos de ligação dos temas e para se explorar essa capacidade criativa fundamental o domínio do conteúdo é um dos pontos levantados por diversos autores que estudam e já estudaram o tema "criatividade" ou "processos criativos".

Como ainda estou fazendo uma pós graduação ao qual eu estou trabalhando o tema "Criatividade" passar por essa prova de mestrado só mostrou o quanto esses autores estavam certos no que falavam. Sem querer, querendo, vivi o processo criativo de forma consciente durante um nível de estresse e tensão além do imaginado ou esperado.

Foi então, com menos de 90 minutos de prova (metade do tempo) alguns candidatos começaram a fazer as entregas. Com 90 minutos, ouviu-se o recado da banca "para quem estava fazendo o rascunho do texto pare pois não haverá tempo hábil para transcrever o mesmo..."

Eu já estava numa das ultimas partes de trabalhar o texto. Já havia conseguido colocar no papel boa parte do que estava pensando, porém o cérebro travou. O processo criativo parou de ocorrer devido a prova já estar indo para 2/3 dela. Não conseguia desempacar do ponto onde poderia continuar a escrever infinitamente (ou até o final das folhas disponíveis) ou já escreveria as conclusões que deveriam ser levantadas para justificar os pontos levantados.

Desse ponto para frente um estranho cansaço apareceu. Já estava impaciente e sem conseguir escrever muito mais do que já havia feito. Estavam ali, no papel, as ideias necessárias mas a conclusão ficou estranha. Consegui finalizar de forma razoável porém não me agradava aquele ultima frase.

Mesmo que durante o texto fossem expressadas diversas visões, talvez tenha sido essa abrangência que derrubou o texto. Estava divertido escrever. Estava bom fazer aquele trabalho mas a conclusão não ficou boa. Uma das frases que lembro ter escrito foi "Já dizia LaVoisier (escrevi esse nome bem errado na prova escrita) na química: nada se cria, nada se perde, tudo se transforma..." e isso também ocorre no design.

Na sua forma de trabalhar, criatividade, processos, domínio das ferramentas, pesquisas extremas, buscas constantes, equilíbrio entre vontade de se fazer algo e não poder fugir do que os clientes e chefes pedem... Esse diálogo entre o real e o imaginário, entre o modelado e o replicado, entre o ideal e o desejado... Num movimento infinito de desconstrução e reconstrução de objetos, artefatos, desenhos, identidades, modelos pequeninos ou de ambientes megalomaníacos finalizei meu texto com a seguinte frase "Designer, um reconstrutor do real".

Depois da entrega percebi o quanto poderia ter escrito melhor essa conclusão. Poderia ter escrito "Designer: um eterno (re)construtor do real." ou "Designer: um manipulador do imaginário intangível dentro do real palpável..." mas infelizmente a conclusão já estava escrita e não deveria rasurar as paginas. A parte boa foi não ter rasurado muito mas preciso melhorar minha forma de escrever e de explanar minhas ideias.

Quem escutou essa história toda também me indicou "Cara, esse foi o 1° de vários outros. Se você já sabia, anteriormente a prova da UFRJ, que haviam outros, porque se preocupar? Esse foi só o 1°!" pois é, passar de 1ª seria uma vitória e tanto mas fiquei na mesma. Só na tangente, só na portinha...


Próximas provas? Sim algumas. Todas no 2° semestre, até porque o 1° já está terminando. Em Julho: PUC Rio. Entre agosto e Outubro, ESDI (da UERJ). Entre Outubro e Novembro UniCarioca e Estádio (outras particulares). Sim fiquei surpreso, Estácio tem Mestrado e Doutorado.

E as buscas e estudos continuam...
Ass.: Thiago CS

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aprenda Krita para ser um ilustrador digital

O VADE MECUM DAS HQs

Quando cadência e editoração determinam a qualidade